DATAGRO: Exportações do agronegócio registram recorde em 2023 e evitam novo déficit na balança comercial brasileira
Em um ano marcado por recordes nas safras de grãos e de cana-de-açúcar, as exportações de produtos do setor do agronegócio brasileiro registraram, em termos nominais, um novo recorde em 2023, com US$ 166,78 bilhões, aumento de 5,0% sobre a receita obtida em 2022, de acordo com o levantamento da DATAGRO a partir dos dados da Secex.
Como resultado, as exportações do agronegócio representaram 49,1% da receita total das exportações brasileiras no ano passado (US$ 339,67 bilhões), o que também é um recorde, contra uma participação de 47,5% em 2022 – o recorde anterior tinha sido em 2020, quando a participação atingira 48,1%.
O aumento das exportações do agronegócio brasileiro em 2023 foi resultante do crescimento proporcionalmente maior dos volumes embarcados – o Índice Quantum da exportação brasileira do agronegócio registrou alta de 17,0%, enquanto o Índice Preço do produto exportado caiu 10,3% em 2023, em média, de acordo com cálculos da DATAGRO.
Entre os principais itens do agronegócio, a exportação de açúcar foi o que mais cresceu em 2023 em termos de receita, com US$ 15,77 bilhões ou 42,98% acima da receita gerada em 2022, em virtude da disparada dos preços frente aos prognósticos de déficit no balanço mundial da commodity, seguida por sucos de frutas e de vegetais (+20,0%), soja (+14,4%) e milho (+11,8%) – vale lembrar que boa parte do aumento das exportações de milho decorreu da abertura do mercado chinês ao grão brasileiro.
Em contrapartida, a receita com as exportações de gorduras e óleos vegetais caiu 33,9% em 2023, seguida por algodão (-16,4%), café (-12,5%) e o complexo de carnes (-7,2%), sobretudo de carne bovina, cuja receita com as exportações caiu 19% em 2023 devido especialmente à elevação da oferta de animais abatidos.
No outro lado da balança, as importações referentes ao setor do agronegócio, o que inclui o dispêndio com as importações de fertilizantes e de defensivos, caíram 26,5% em 2023 para US$ 43,01 bilhões, principalmente em função da queda de mais de 40% nos preços dos insumos agrícolas. Consequentemente, a participação das importações referentes ao setor do agronegócio nas importações totais brasileiras caiu de 21,5% em 2022 para 17,9% em 2023, o menor nível em 8 anos.
Portanto, a saldo da balança comercial do setor do agronegócio brasileiro, que é a diferença entre as exportações e as importações, cresceu 23,3% em 2023 para US$ 123,77 bilhões. Dessa forma, se não fosse pelo saldo positivo da balança comercial do agronegócio, a balança total comercial brasileira estaria incorrendo em um déficit em torno de US$ 24,9 bilhões, ao invés de um superávit de US$ 98,8 bilhões, em 2023.
Contudo, ao considerarmos a importação evitada de gasolina em razão do consumo de etanol (em gasolina equivalente) no mercado doméstico (etanol hidratado mais etanol anidro utilizado na mistura com a gasolina), o saldo da balança comercial do agronegócio brasileiro seria contabilmente 10,2% maior em 2023, de US$ 136,4 bilhões, preservando a balança comercial brasileira de aportar um déficit implícito de US$ 38 bilhões.
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