Chefe da ONU e presidente da COP28 discordam sobre futuro dos combustíveis fósseis
Por Valerie Volcovici e William James e Elizabeth Piper
DUBAI (Reuters) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes mundiais na cúpula climática COP28 que planejem um futuro sem combustíveis fósseis, dizendo que não há outra maneira de controlar o aquecimento global.
Falando um dia depois que o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, propôs a inclusão de combustíveis fósseis no futuro, Guterres disse que "não podemos salvar um planeta em chamas com uma mangueira de incêndio de combustíveis fósseis".
"O limite de 1,5 grau só é possível se pararmos de queimar todos os combustíveis fósseis. Não reduzir. Não diminuir", afirmou ele, referindo-se às tecnologias emergentes para capturar e armazenar as emissões de carbono.
As visões conflitantes resumiram a questão mais polêmica enfrentada pelos líderes mundiais na cúpula climática da ONU deste ano, realizada nos Emirados Árabes Unidos, país produtor de petróleo.
O rei britânico Charles 3º pediu aos líderes mundiais que fizessem progressos na agenda climática global.
"Os cientistas vêm alertando há muito tempo, e estamos vendo pontos de inflexão alarmantes sendo atingidos", disse ele, alertando que a falta de controle das emissões resultaria em catástrofe.
"A menos que consertemos e restauremos rapidamente a economia da natureza, com base na harmonia e no equilíbrio, que é o nosso maior sustentador, nossa própria economia e capacidade de sobrevivência estarão em perigo", declarou o rei, que passou a maior parte de sua vida adulta fazendo campanhas sobre o meio ambiente.
Os comentários de Charles, cujo papel como chefe de Estado do Reino Unido é em grande parte cerimonial, pareceram estar em desacordo com seu governo.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que é esperado na COP28 na sexta-feira para anunciar 1,6 bilhão de libras em financiamento climático, reverteu várias medidas domésticas que haviam sido estabelecidas por governos anteriores para ajudar o país a atingir suas metas de emissões líquidas zero em 2050.
Longe do palco principal, as delegações e os comitês técnicos começaram a trabalhar na sexta-feira com a tarefa gigantesca de avaliar seu progresso no cumprimento das metas climáticas globais, especificamente a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais.
Os cientistas afirmam que um aumento da temperatura global além desse limite desencadeará impactos catastróficos e irreversíveis em todo o mundo.
As Nações Unidas publicaram na sexta-feira seu primeiro esboço do que poderia servir de modelo para um acordo final da cúpula COP28, que termina em 12 de dezembro.
O rascunho oferece "blocos de construção" para um resultado político e inclui várias opções para abordar uma das questões mais espinhosas da cúpula: decidir se, e até que ponto, os combustíveis fósseis devem desempenhar um papel no futuro.
Uma das opções envolve a inclusão de compromissos para reduzir ou eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis, abandonar a energia do carvão e triplicar a capacidade de energia renovável até 2030.
Também está na mesa para discussão a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, que totalizaram cerca de 7 trilhões de dólares no ano passado, e a inclusão de provisões para a tecnologia de captura e remoção de carbono.
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