Fed enfrenta desafio de comunicação em meio a impasses político e econômico

Publicado em 16/10/2023 09:45 e atualizado em 16/10/2023 10:23

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Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - As autoridades do Federal Reserve talvez não aumentem os juros quando se reunirem em duas semanas, mas também não dirão que seu esforço de 19 meses para elevar os custos dos empréstimos acabou, um desafio difícil de comunicação que o chair do banco central, Jerome Powell, assumirá nesta semana.

Uma série de eventos políticos e econômicos tem ocorrido desde que o Fed decidiu manter os juros inalterados em sua reunião feita em 19 e 20 de setembro.

Os dados têm mostrado que a economia norte-americana ainda está crescendo rápido demais para esfriar totalmente a inflação, enquanto os rendimentos dos Treasuries em alta podem levar essa atividade a uma estagnação brusca.

A guerra eclodiu no Oriente Médio e a Câmara dos Deputados dos EUA segue sem um presidente, com a aproximação do prazo final para a aprovação de uma legislação de financiamento federal para evitar a paralisação do governo.

A inflação subjacente parece estar desacelerando, mas um salto nos preços de imóveis e serviços em setembro ameaçou, como disse um analista, estragar a "narrativa" do Fed de que as pressões sobre os preços continuariam a diminuir.

Com material de apoio para ambos os lados do debate, Powell precisa dar sentido a tudo isso sem desencadear uma confiança injustificada de que as condições financeiras estão apertadas o suficiente para reduzir a inflação para a meta de 2% do Fed, embora isso possa ser verdade, ou um medo injustificado de que o banco central precise estabelecer juros mais altos, o que também pode ser verdade.

Powell deve falar na quinta-feira ao Economic Club of New York, o que provavelmente marcará os últimos comentários substanciais de uma autoridade do Fed antes da reunião da instituição de 31 de outubro a 1º de novembro.

Os analistas esperam que um dos principais temas seja a opinião de Powell sobre os recentes e rápidos aumentos nos rendimentos dos Treasuries, que podem ajudar o banco central a atingir sua meta de inflação, mas também mostram que a política monetária está se aproximando de um momento importante.

O Fed "passou rapidamente de um foco exclusivo na inflação para um foco na prevenção da recessão", escreveram na semana passada os analistas da Monetary Policy Analytics.

Equilibrar os dois com a definição correta da política agora depende, em parte, do fato de o aumento dos rendimentos dos Treasuries ser devido às expectativas dos investidores de novos aumentos nos juros ou à mudança de visão da economia e dos riscos que ela enfrenta.

Em um caso, o Fed pode se sentir compelido a seguir o mercado e atender a essas expectativas; no outro, os investidores estão essencialmente ajudando o banco central e substituindo os novos aumentos, escreveram Meyer e seus pares.

A próxima reunião pode muito bem abrir um novo capítulo na discussão de políticas, com os comentários de Powell na quinta-feira possivelmente lançando as bases.

Se, conforme esperado pelos mercados financeiros, o banco central mantiver os juros estáveis em 1º de novembro, será a primeira vez, desde o início do atual ciclo de aperto em março de 2022, que ele passará reuniões consecutivas sem um aumento.

Um dos desafios enfrentados por Powell será descrever esse resultado esperado e, ao mesmo tempo, manter aberta a possibilidade de futuros aumentos. Outro será descontar a especulação sobre a perspectiva de cortes ou mudanças em outros aspectos da política do Fed, como a redução contínua do balanço patrimonial do banco central.

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Fonte:
Reuters

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