Exportações consorciadas garantem preço estável aos pecanicultores

Publicado em 13/09/2023 10:01
Mais de 100 toneladas foram comercializadas em 2023 para Oriente Médio e Ásia

Desde que os produtores gaúchos de noz pecã passaram a atender às exigências de produção de um possível mercado externo, cresceu a necessidade de união para conseguir enviar para fora do Brasil a produção. Assim, um grupo inicial de cinco produtores formou um consórcio e, no ano passado, vendeu ao Oriente Médio uma carga de 25 toneladas da fruta. Para 2023, o grupo cresceu e deve fechar o ano com a comercialização de mais de 100 toneladas.

Além do comprador do Oriente Médio, que refez seu pedido, também um comprador da Ásia adquiriu a pecan gaúcha. Para o primeiro, foram negociados dois containers de 25 toneladas cada e, para o segundo, dois containers de 26 toneladas. O sucesso do consórcio estimula os produtores que têm na venda para fora do país a garantia de preço estável: 4,50 dólares por quilo da variedade Barton e 4,30 dólares por quilo do mix de frutas (na modalidade CIF, onde o vendedor ou embarcador se responsabiliza pelo custo do frete até a entrega ao cliente). No mercado interno, além de menor, hoje por volta de R$ 14, o preço é volátil e já chegou a R$ 16 o quilo, este ano.

O advogado Demian Segatto da Costa, que atua junto ao Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) explica que a modalidade de consórcio também otimiza necessidades que produtores menores, baseados na agricultura familiar, não conseguiriam atender. Uma delas é a da quantidade ofertada. Segundo ele, alguns pomares pequenos não produzem, mesmo no auge da sua produtividade, volumes que alcançariam a possibilidade de preencher um contêiner. Outros, com grande área plantada, ainda são jovens. “Mesmo nos pomares em que já há volume superior, não produzem múltiplos de 25 toneladas, então sempre há uma parte deste pomar que vai ter uma produção que não possibilitaria a exportação de toda a safra”, explica o advogado.

Outro ponto em que a modalidade favorece o pequeno produtor é na homogeneização do lote enviado. Demian Costa detalha que, mesmo que não seja uma compra de cultivar único e sim um mix de frutas, os compradores são exigentes quanto a alguns requisitos. ”Ela precisa passar pelo mesmo processo de limpeza, de secagem, classificação, extrator de vazias, laudos e certificados em relação à qualidade e envio de amostras ao comprador”, enumera. Isto faz com que o lote seja beneficiado preferencialmente numa mesma planta, para que seja alcançada a homogeneidade de produto e, quando o comprador receba o produtor, não seja perceptível grandes diferenças entre os volumes que contemplem o container, mesmo que tenham vindo de diversos pomares.

Com pomar em Arroio dos Ratos (RS), Marcelo Salvador é um dos precursores na exportação consorciada. Ele afirma que não foi o preço propriamente dito que o atraiu, mas a estabilidade em saber que pode produzir e que há alguém para comprar a safra. "Isso, inclusive, fez com que eu tomasse a decisão de aumentar em duas vezes o tamanho do meu pomar para os próximos anos", conta o produtor. Salvador disse que a venda para mercados internacionais trouxe segurança para seu negócio e que não se preocupa mais no momento da colheita se vai vender, se será por um preço justo e se irá receber. "Houve uma valorização para nós, como produtores e da cultura de um modo geral", avalia.

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Fonte:
IBPECAN

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