Casos de gripe aviária vêm em curva de queda, mas especialista alerta para próximo fluxo de migração

Publicado em 08/09/2023 16:24
Desta vez, a partir deste mês de setembro, seguindo até outubro, aves devem vir do Hemisfério Norte passando pela região central do Brasil

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Os casos de gripe aviária de alta patogenicidade, que começaram a ser registrados no Brasil desde 15 de maio, mostram estar em queda, de acordo com os registros apontados pela plataforma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em maio, foram 13 casos, um pico em junho, com  44 casos, caindo para 17 ocorrências em julho e 12 em agosto. 

De acordo com o professor Ariel Mendes, que é diretor-presidente da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA), esta redução já era esperada, a exemplo do que aconteceu em outros países que também já registraram a presença do vírus. 

Desde maio, a maioria dos casos - até a tarde desta sexta-feira, 8, são 95, sendo dois em aves de subsistência e os demais em aves silvestres - se concentraram em aves litorâneas. Entretanto, um novo ciclo migratório deve estar a caminho da América do Sul, segundo o professor.

“Estamos nos preparando para a próxima migração que deve ocorrer a partir de setembro/outubro/novembro. Normalmente essas rotas que vêm do Hemisfério Norte nesta época do ano passam mais pelo centro do Brasil, então vai ser um pouco diferente destes casos causados por estas rotas que atingiram basicamente aves migratórias nos litorais brasileiros”, disse. 

O especialista afirma que o que acontecerá com este novo ciclo migratório ainda é incerto. “Pode haver mutação do vírus, mistura de aves litorâneas com as mais interioranas, e pode haver um compartilhamento de vírus. Hoje a gente não tem como prever como vai ser esta nova migração. O que a gente sabe é que estamos muito melhor preparados para lidar com a influenza aviária”. 

Apesar da preocupação existente, Mendes destaca que estes casos confirmados no Brasil serviram como um treinamento e para mostrar algumas fragilidades que o país ainda tinha, principalmente no setor oficial dos Estados, já que alguns não possuíam que insumos, equipamentos de proteção individual, equipamentos para coleta.

“Isso foi sanado. Os Estados atuaram muito bem, e a declaração de emergência zoossanitária permitiu com que o Ministério da Agricultura repassasse dinheiro para os Estados, e esse gargalo já foi superado. Hoje, os Estados já estão muito melhor preparados para atuarem em emergências”, detalhou. 

Até o momento, os Estados que declararam emergência zoossanitária, conforme orientação do MAPA, foram: Santa Catarina, Espírito Santo, Bahia, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Sergipe, Piauí, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Pará e Mato Grosso.

Pelo lado do setor privado, Mendes aponta que esta área está mais consciente do que, “o que era uma possibilidade remota, hoje é uma possibilidade real”. O vírus chegou até o país, mas não atingiu a avicultura industrial, entretanto, segundo ele, isso pode vir a acontecer. “Então (os registros de casos) serviu também para que o setor privado redobrasse os cuidados com a biosseguridade e, principalmente, o setor de postura comercial, que é mais vulnerável, tanto pela biosseguridade, por serem aves de vida longa, estarem muito mais conscientes dos riscos”.  

ZONEAMENTO 

Outro ponto em que houve avanços, segundo o diretor-presidente da FACTA, foi na questão da regionalização e compartimentalização. “A ABPA trabalhou muito com o Ministério da Agricultura na renegociação dos certificados sanitários junto aos países importadores de produtos avícolas brasileiros”.
“O que houve de mudanças foi no sentido de que o zoneamento era por região ou Estado, e hoje, com a situação do que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, já falamos em regionalização por município. Caso entre o vírus em alguma unidade de avicultura comercial, não é justo que se feche um Estado inteiro para exportação, apenas o Município onde houve o registro da doença. Acho que os países importadores também já estão conscientes da necessidade de não ser tão estrito com relação ao zoneamento, fazer zonas menos abrangentes”, afirmou.

Para o professor, apesar de este primeiro ciclo de migração que acabou trazendo o vírus para o Brasil sem atingir granjas comerciais não deve fazer com que o setor avícola nacional baixe a guarda. 

“Sim, aparentemente passamos incólumes por essa migração, com apenas dois casos em aves de fundo de quintal e nenhum em aves do setor comercial. O segredo é manter a biosseguridade no setor comercial e industrial. Nestes mais de 20 anos que tivemos de preparação para evitar a chegada do vírus e aprimorar nosso plano de prevenção e contingência, serviu para evitar que chegasse no setor comercial. Não foi por acaso que não chegou em aves comerciais”, finalizou. 
 

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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