Epagri/Cepa atualiza estimativas da safra de inverno e mostra aumento na área plantada de cebola e diminuição na de trigo e de alho
O Boletim Agropecuário do mês de agosto atualizou a área plantada de cebola em Santa Catarina para 19 mil hectares e não 18,4 mil hectares, como foi inicialmente estimado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e disponibilizado no site do Observatório Agro Catarinense. Já a área plantada com alho foi atualizada para baixo: a estimativa inicial era que a cultura ocuparia aproximadamente 1,17 mil hectares na safra 2023/2024, mas números da Epagri/Cepa apontam para uma área de 995 hectares. Já o trigo teve redução de 2% na área plantada estimada, o que representaria uma queda de mais de 27% em relação ao ano anterior.
A cebola, o alho e o trigo são algumas das culturas de inverno monitoradas pela Epagri/Cepa. De acordo com o Boletim Agropecuário, as lavouras apresentam bom desenvolvimento até o momento. Em relação à cebola, cerca de 80% da área estimada para o cultivo na safra 2023/2024 já foi plantada e a produção está estimada em mais de 568 mil toneladas.
Na cultura do alho, a redução na área plantada também resulta em queda de produção de quase 1,3 toneladas em relação ao volume inicialmente previsto, passando para 10,7 mil toneladas.
Já a estimativa inicial da área de trigo era de uma redução de 1,6% em comparação com a safra anterior. Com a atualização, a redução foi para 2%. A previsão atual é de que a safra 2023/2024 seja um pouco menor que a anterior, com uma diminuição de 1% no volume de produção.
Até a última semana de julho, cerca de 94% da área destinada ao plantio de trigo nesta safra encontrava-se em fase de desenvolvimento vegetativo e 6% já havia alcançado a fase de florescimento. Com relação às condições das lavouras desse grão, 99,5% foram avaliadas como boas e somente 0,5% como em condição média. O preço médio recebido pelos produtores de trigo catarinense continuou em queda no mês de julho. A redução foi de 0,24%, com uma média mensal em R$69,95 a saca de 60 kg. Na comparação anual, em termos nominais, os preços recebidos em julho deste ano estão cerca de 35% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2022.
Confira as informações dos demais produtos acompanhados pela Epagri/Cepa:
Banana
Entre junho e julho de 2023, os preços ao produtor da banana-caturra apresentaram recuperação com valorização de 2,2%. A banana-prata sofreu desvalorização de 0,5% devido à redução na demanda por conta da concorrência com outras frutas da época e da presença de chilling nas frutas, que são lesões causadas pelo excesso de frio. No mercado atacadista estadual, no comparativo com o mês de julho do ano anterior, os preços mantiveram-se valorizados em 8,1% para banana-caturra e em 12,5% para a banana-prata. No primeiro semestre, a produção de banana catarinense participou com 8,9% do total no mercado atacadista das centrais de abastecimento nacionais, um aumento de 48,1% em relação ao mesmo período de 2022. O valor negociado chegou a R$79,1 milhões.
Arroz
A safra 2022/23 está encerrada em Santa Catarina. Contrariando a expectativa inicial, a safra fechou com produtividade média 1,6% maior do que a observada na safra 2021/22, alcançando a maior marca registrada no estado (8.621kg por hectare). Os preços ao produtor de arroz apresentaram tendência de crescimento a partir do mês de julho e da primeira quinzena de agosto, tanto em Santa Catarina quanto no Rio Grande do Sul. Estima-se que aproximadamente 92% da produção da safra 2022/23 já tenha sido comercializada no Estado.
Feijão
No mês de julho, o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca fechou em R$161,35 a saca de 60kg, uma redução de praticamente 30%. Por outro lado, para o feijão-preto, o preço médio sofreu um acréscimo de 6,44%, com a média mensal em R$208,20 a saca de 60kg. Na comparação, o preço médio da saca do feijão-carioca, em termos nominais, está 39% abaixo do que foi pago em julho de 2022. Já para o feijão-preto, houve um incremento anual de aproximadamente 16%. Um aspecto importante que contribui para a queda dos preços pagos aos produtores de feijão é a baixa procura pelo produto. A cada ano que passa, mais brasileiros deixam de comer feijão diariamente.
Milho
No Estado, os preços ao produtor apresentaram uma elevação de 1,2% nos preços médios mensais em relação ao mês de junho, revertendo uma sequência de queda desde janeiro. A relação de preços soja/milho se constitui num dos condicionantes na decisão do próximo plantio pelos produtores. No momento, a relação é favorável à soja; no entanto, o mercado do milho é complexo e dinâmico: ele é afetado por uma série de fatores que podem se modificar ao longo do tempo, com potencial para gerar um quadro mais positivo para o produtor. As exportações do cereal pelo Brasil, em agosto, podem alcançar volumes próximos a 10 milhões de toneladas, o que traz uma expectativa de elevação dos preços no mercado interno no segundo semestre.
Soja
A safra catarinense 2022/23 tem os números definitivos: a produção total alcançou volume próximo de 3 milhões de toneladas, considerada a maior safra registrada no Estado da leguminosa. Contribuiu para esse desempenho a crescente área cultivada e condições climáticas favoráveis durante o ciclo de desenvolvimento das lavouras. No Brasil, a confirmação de uma safra recorde em 2022/23 de 155 milhões de toneladas pressionou os preços da soja no mercado interno no primeiro semestre. No entanto, em julho, houve uma mudança no movimento de baixa. No Estado, os preços tiveram uma elevação de 6,6% em relação ao mês anterior. As exportações recordes no ano e a demanda por parte das indústrias de biodiesel em julho e agosto impulsionam os preços.
Bovinos
Na primeira quinzena de agosto, os preços do boi gordo em Santa Catarina apresentaram queda de 1,1% em relação à média do mês anterior, seguindo a tendência observada nos principais Estados produtores. Na comparação com o valor de agosto de 2022, observou-se queda de 15,7% no preço médio catarinense. Esses movimentos de queda devem-se, principalmente, à oferta elevada, em âmbito nacional, de animais prontos para abate. Além disso, as carnes concorrentes (de frango e suína) também têm apresentado variações negativas de preços, o que acirra a disputa pela preferência do consumidor e acentua a pressão de queda sobre a carne bovina. Segundo os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sistematizados pela Epagri/Cepa e divulgados no Observatório Agro Catarinense, de janeiro a julho deste ano foram abatidos 345 mil bovinos em Santa Catarina – queda de 3,8% em relação à produção do mesmo período de 2022.
Frangos
Santa Catarina exportou 90,3 mil toneladas de carne de frango em julho (in natura e industrializada) – queda de 0,7% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 3,5% na comparação com as de julho de 2022. As receitas foram de US$196,2 milhões – queda de 0,3% em relação às do mês anterior e de 3,4% na comparação com as de julho de 2022.
No acumulado de janeiro a julho, Santa Catarina exportou 635,4 mil toneladas, com receitas de US$1,38 bilhão – altas de 6,9% em quantidade e de 9,5% em valor, na comparação com as do mesmo período do ano passado. Os resultados do período refletem o crescimento dos embarques para a maioria dos principais destinos, com destaque para a China, que registrou alta de 45,5% em quantidade e 46,3% em receitas.
O Estado foi responsável por 23,3% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos sete primeiros meses do ano. Segundo os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em julho deste ano o Estado atingiu a marca de 503,2 milhões de frangos destinados ao abate, alta de 3,4% em relação à produção do mesmo período de 2022.
Suínos
Santa Catarina exportou 53,8 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em julho – queda de 9,7% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 4,9% na comparação com as de julho de 2022. As receitas foram de US$133,4 milhões, queda de 11,4% em relação às do mês anterior, mas elevação de 8,1% em relação às de julho de 2022. No acumulado de janeiro a julho, o estado exportou 373,8 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$927,0 milhões – altas de 13,1% e 22,9%, respectivamente, em relação às do mesmo período de 2022.
Os resultados positivos desse período devem-se ao crescimento dos embarques para quase todos os compradores, em especial a China (2,4% em quantidade e 14,3% em valor), as Filipinas (19,9% e 32,6%) e o Chile (82,3% e 105,5%), os três principais destinos. Santa Catarina respondeu por 56,3% das receitas e por 54,9% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano. Segundo os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), de janeiro a julho deste ano foram produzidos em Santa Catarina, e destinados ao abate, 10,5 milhões de suínos – alta de 4,7% em relação ao mesmo período de 2022.
Leite
No dia 10 de agosto, o IBGE divulgou novos números sobre a quantidade de leite cru adquirida pelas indústrias inspecionadas do Brasil. No primeiro semestre de 2023, a quantidade adquirida foi 1,3% maior do que no mesmo período de 2022. Considerados todos os primeiros semestres dos últimos cinco anos (2019-2023), apenas no primeiro semestre de 2022 a quantidade foi menor do que no primeiro semestre deste ano. Portanto, a produção industrializada de 2023 poderá superar os 23,9 bilhões de litros de 2022, mas dificilmente alcançará a casa dos 25 bilhões de litros do período de 2019 a 2021.
Em julho, as importações brasileiras foram de 23,4 milhões de quilos de lácteos. O crescimento – 75,9% em relação a julho de 2022 – é muito significativo, mas é o menor percentual no ano. Dadas as fortes quedas nos preços dos lácteos no mercado interno nos meses mais recentes, é bem provável que de agosto a dezembro de 2023 as importações sejam sempre inferiores às dos mesmos meses de 2022.
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