Com salto na moagem, Raízen maximiza produção de açúcar, diluindo custos
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar da Raízen, maior processadora global do produto, poderá crescer até 13% na safra 2023/24 ante a temporada anterior, permitindo que a companhia maximize a produção e os ganhos com açúcar ao tirar proveito não apenas dos altos preços no mercado internacional, mas também de uma diluição de custos.
A moagem da companhia deve ficar entre 80 milhões e 83 milhões de toneladas na safra 2023/24, contra um volume processado na safra passada de 73,5 milhões de toneladas, estimou o CFO da companhia, Carlos Moura, nesta terça-feira em entrevista a jornalistas.
Ele lembrou que o mês de abril foi muito chuvoso, o que dificultou os trabalhos de moagem, mas depois o tempo ficou mais firme, impulsionando o processamento.
"É razoável supor, ainda que tenha risco de El Niño no final da safra, por novembro, estamos trabalhando agora entre 80 e 83 milhões de toneladas, é nisso que podemos chegar, dadas as condições, o ritmo industrial...", disse ele.
"A gente acredita que este pode ser um bom intervalo hoje", completou.
O El Niño mencionado pelo executivo poderia trazer um tempo mais chuvoso para o final da safra em algumas áreas de atuação da Raízen.
Mesmo que atinja o patamar mais alto, a moagem da companhia ainda ficaria distante da capacidade da empresa, de 105 milhões de toneladas ao ano, após a aquisição da Biosev.
Apesar de ter ainda grande capacidade ociosa, a companhia vem aumentando a produtividade de suas operações na temporada atual, focando fortemente o açúcar enquanto os preços na bolsa de Nova York não estão muito distantes de um pico de 11 anos e meio de 27,41 centavos de dólar/libra-peso atingido em abril.
Nesta terça-feira, o primeiro contrato fechou a 23,77 centavos.
"Estamos tentando ir na máxima intensidade possível (para o açúcar)... até pelo retorno que o açúcar tem trazido em relação ao nosso custo de produção", disse ele.
O executivo comentou que a formação dos novos estoques indica custos de apenas 3,4% acima do ano passado, "o que é abaixo da inflação, o que é notável".
"E aí, como você vai ter um ritmo de moagem mais forte... vai ter uma diluição de pelo menos mais 9%, o que é benéfico para nós, então é correto supor que a gente vai ter um custo de produção bem mais baixo, que maximiza o retorno do açúcar com esse nível de preço..."
Ele lembrou que a Raízen trabalha com fixação de preços futuros e tirou proveito da volatilidade cambial para maximizar os ganhos.
"O câmbio chegou a bater... 5,60 reais", disse.
(Por Roberto Samora)
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