Argentina: Extremo oposto do atual governo, Javier Milei quer eliminar retenciones já no 1º dia de governo
O termo "extremo", no dicionário, significa "mais afastado. longínquo". Ou, em uma segunda definição, "muito intenso ou máximo". Provavelmente, é assim que se enxerga o candidato a presidência da Argentina, Javier Milei, se vê dos atuais presidente e vice-presidente do país, Alberto Fernandez e Cristina Kirchner. Mais do que isso, provavelmente sua intensidade em querer afastar da Casa Rosada o que tem afundado o país sul-americano em uma profunda crise política e econômica é o que tenha lhe garantido a vitória nesta primeira etapa das eleições presidenciais do país.
Em um "triunfo histórico" como tem sido relatado pela mídica local e pelos especialistas - Milei, da frente 'Libertad Avanza', ficou com 30,04% dos votos. Já na chapa 'Juntos por el Cambio', Patrícia Bullrich foi a pré-candidata mais votada, contabilizando 17,01% dos votos. Sergio Massa, atual ministro da Economia da Argentina, ficou com 21,22% dos votos no 'Union por la Patria'.
O candidato que surpreendeu a todos na noite deste domingo (13) foi enfático em seu discurso. E talvez tenha iniciado um processo para desfazer a deturpação do termo "extrema direita" a algo que está somente e tão somente "extremamente distante da esquerda".
"Esta alternativa não só acabará com o kirchnerismo, mas também com a casta política parasitária, tola e inútil deste país. Hoje nos levantamos para dizer basta ao modelo de decadência. Hoje demos o primeiro passo para a reconstrução da Argentina. Hoje somos o força com mais votos porque somos a verdadeira oposição, porque uma Argentina diferente é impossível com os mesmos de sempre, com os mesmos que sempre falharam e todos estão no Estado há 40 anos, os de boas maneiras e os de falta de educação. Temos condições de vencer a casta no primeiro turno", disse.
Entre as propostas que podem causar maior impacto ao agro estão a de unificação do câmbio e o fechamentodo Banco Central, esta última em um prazo de dois anos. Em um evento nos últimos meses, Milei disse que o "o campo argentino é o melhor do mundo" e que caso o "Libertad Avanza" chegue ao poder, uma de suas prioridades será a de devolvê-lo rentabilidade e vitalidade, "as quais lhe foram tiras pelo Estado lhe chupando o sangue".
O candidato falou ainda sobre a elimição total das chamadas 'retenciones', talvez este sendo um dos maiores e mais urgentes pleitos do setor. A eliminação parcial e gradativa da taxação sobre as exportações dos produtos argentinos - atualmente em 33% sobre soja e trigo, por exemplo - foi iniciada no governo de Maurício Macri, porém, rapidamente retomada quando Fernández assumiu o governo.
"Isso implicaria em triplicar a receita. A taxa de juros pode chegar a ordem dos 15% e, em cinco anos, a produção duplicar", afirmou durante a Mostra Rural, em Palermo. Sobre a atual situação cambial do país, Javier Milei é simples e direto: "é imoral".
Guillermo Mac Loughlin, assessor do líder dos libertários, como é chamado pela mídia argentina, afiram que o objetivo é a eliminação das retenciones desde o dia 1 do governo de Milei.
"A transformação que ocorrerá em todo o país se as eliminarmos, não se as mantivermos ou fizermos algum programa progressivo de redução. Queremos eliminá-los desde o primeiro dia” , afirmou antes das eleições primárias. "Há sempre o argumento de que não pode ser feito por causa do gasto público, e é aí que está a nossa diferença. Porque nós temos vontade de realmente reduzir os gastos públicos. A nossa mão não vai tremer para eliminar as retenções porque o Estado vai ter recursos indiretamente devido à reactivação que vai acontecer quando libertarmos as forças do mercado no campo".
Enquanto isso, os líderes do agronegócio da Argentina se manifestam sobre as prévias das eleições e já alimentam algum otimismo sobre mudanças tão extremas como as que poderiam acontecer no país com a vitória de um candidato como Javier Milei.
"Esperamos que o resultado destas eleições marque um ordenamento dentro das forças políticas", dsse o presidente da SRA (Sociedade Rural Argentina), Nicolás Pino. "Se eu tiver que fazer um pedido ao novo presidente argentino seriam duas coisas: que se unifique o câmbio e que sejam eliminadas as retenciones. Em poucos meses, se surpreenderiam como o que poderíamos fazer e aportar com a produção".
Como há meses tem feito frente às inúmeras intervenções do governo - em especial no mercado cambial - Pino e mais líderes do agro tem reforçado a necessidade que o setor tem de contar com regras "claras, previsíveis e estáveis" que lhe garante oportunidades aos produtores, permitindo que possam levar mais desenvolvimento econômico às suas propriedades e regiões.
O presidente do Coninagro (Confederação Intercooperativa da Agricultura), Elbio Laucirica, afirma que "o resultado das eleições é produto da estagnação que vivemos há mais de 20 anos e da falta de respostas para os problemas do povo".
Para Jorge Chemes, presidente da CRA (Confederações Rurais Argentinas), a vitória do liberal estava prevista. "Em geral, os vencedores são aqueles com medidas a favor do campo, mas deve haver uma mudança na visão dos políticos sobre o campo, não só como uma forma de arrecadação de impostos, mas como um setor em profundo desenvolvimento. E lá serão gerados investimentos", disse ao Infocampo.
O jornal La Nacion, um dos mais tradicionais da Argentina, destacou a relevância que Javier Milei foi acumulando em áreas determinantes para o agronegócio do país, com medidas que prometem uma verdadeira revolução no campo.
"Apesar da tentativa dos candidatos governistas da frente Juntos por el Cambio (JxC) de mostrar apoio ao setor agrícola, repetindo sempre que o campo é o motor da economia, que tínhamos que tirar o pé de sua gargante, que a partir de dezembro as retenciones seriam modificadas (algumas assim que tomassem posse, outras gradualmente) nada parecia mudar a descrença e o descontentamento do interior produtivo em relação às referências já conhecidas. Assim, Milei chegou a avançar por territórios que vinham com forte cunho da JvC", relatou a repórter Mariana Reinke.
O jornal La Nacion, um dos mais tradicionais da Argentina, destacou a relevância que Javier Milei foi acumulando em áreas determinantes para o agronegócio do país, com medidas que prometem uma verdadeira revolução no campo.
"Apesar da tentativa dos candidatos governistas da frente Juntos por el Cambio (JxC) de mostrar apoio ao setor agrícola, repetindo sempre que o campo é o motor da economia, que tínhamos que tirar o pé de sua gargante, que a partir de dezembro as retenciones seriam modificadas (algumas assim que tomassem posse, outras gradualmente) nada parecia mudar a descrença e o descontentamento do interior produtivo em relação às referências já conhecidas. Assim, Milei chegou a avançar por territórios que vinham com forte cunho da JvC", relatou a repórter Mariana Reinke.
Províncias de destaque na produção agropecuária como La Pampa, Santa Fe, Salto e Entre Rios estão entre os destaques. Buenos Aires foi o ponto fora da curva, onde os votos ficaram divididos entre as frentes Juntos por el Cambio e Unión por la Patria, com Patrícia Bullrich e Sergio Massa como os respectivos vencedores.
"De todo modo, a popularidade de Javier Milei não passou despercebida e alcançou resultados importantes em algumas zonas rurais", entre elas as três maiores produtoras de grãos, carne e leite, segundo traz o Clarin, outro jornal de renome na Argentina.
Com informações do Infocampo, La Nacion e Clarin
1 comentário
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Ótimo para a Argentina, para nós, do Agro, seria um momento de atenção , pois, em a Argentina voltando, teremos alguns milhões de tons de cereais a mais de oferta no mercado global. Poderíamos compensar com logística e outros , mas temos como fazer?
Verdade Fábio... estamos no jogo porque ocorrem desgraças nas lavouras dos nossos concorrentes, seja seca ou excesso de tributação na Argentina, guerra na Ucrânia/Russia, seca dos EUA, etc. Então até que ocorrem esses BOs com os outros vamos sobrevivendo. Mas o ideal é que tivéssemos mais competividade, com melhores estradas, ferrovias, hidrovias, portos e que o governo brasileiro parrasse de perseguir o setor com burocracias e licenças desnecessárias.