Distribuidores de aço plano reduzem previsão e veem importações elevadas até fim do ano
SÃO PAULO (Reuters) -As vendas dos distribuidores de aços planos em junho caíram nas comparações mensal e anual, e a entidade que representa o setor reduziu nesta quinta-feira sua previsão para o ano e estimou um ambiente de usinas siderúrgicas nacionais pressionadas por fortes importações até o final do ano.
Os distribuidores de aços planos do Brasil tiveram vendas de 284,6 mil toneladas em junho, quedas de 14% ante maio e de 6% ante o mesmo mês de 2022, acumulando no semestre um recuo anual de 0,4%, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda);
"Com isso, aquela previsão que tínhamos de crescer entre 1,5% e 2% este ano mudou para uma queda de 1,5% a 2%", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, em apresentação a jornalistas. Em 2022, as vendas do setor foram de 3,73 milhões de toneladas.
Nesta semana, o Aço Brasil, entidade que representa as siderúrgicas instaladas no país, também voltou a cortar projeções para o setor este ano, citando um ambiente interno de baixa demanda e fortes importações.
Segundo Loureiro, atualmente o aço importado está cerca de 30% mais barato que a liga produzida no país. A relação é chamada pelo setor siderúrgico de "prêmio". Historicamente, o prêmio tido como ideal para o setor para desincentivar importações é próximo dos 10%.
"Estamos vendo resistência grande das usinas (siderúrgicas do Brasil) em concederem descontos adicionais de preços", disse Loureiro, citando o momento atual de discussão sobre preços de aço com siderúrgicas fornecedoras de montadoras de veículos que têm contratos semestrais.
Os distribuidores de aços planos terminaram o semestre com um volume de 850 mil toneladas de material estocado, equivalente a três meses de vendas, um nível considerado elevado e que, segundo Loureiro, exige atenção para não avançar diante do atual ambiente de alta volatilidade nos preços da liga.
Enquanto produtores nacionais de aço, como Usiminas, se preparam para religar altos fornos que ficaram parados nos últimos meses em meio a reformas de equipamentos, Loureiro vê um quadro excesso de oferta.
"Excesso de capacidade (de produção de aço) já temos hoje no Brasil. O grande problema é o que fazer com isso? Tentar exportar com preços mais baixos? As usinas estão em sinuca de bico", afirmou o presidente do Inda.
Segundo ele, há no principal porto de entrada de aço importado do país, São Francisco do Sul (SC), cerca de 200 mil toneladas de material ainda não internalizado e, portanto, fora das estatísticas do setor. "Em navios parados esperando espaço de armazém tem mais de 100 mil toneladas", disse Loureiro.
"A inércia da importação é muito alta. Para o número de importações voltar à normalidade vai demorar bastante, precisaria de uma dificuldade de importar durante muito tempo", afirmou.
No primeiro semestre, as importações de aços planos pelo Brasil cresceram 29,4%, para 1,05 milhão de toneladas, segundo os dados do Inda, com junho mostrando salto de cerca de 75% sobre um ano antes.
Loureiro afirmou que os principais setores consumidores de aço, incluindo montadoras de veículos e máquinas e equipamentos, estão realizando revisões para baixo em suas expectativas de desempenho para o ano o que indica pessimismo sobre as vendas de aço no segundo semestre.
"Com uma (eventual) queda de juros pode ser que aqueça o consumo, mas isso tem a sua dinâmica e não é algo que acontece da noite para o dia. Não tem chance de crescimento de consumo de aço no Brasil este ano", disse o presidente do Inda.
(Por Alberto Alerigi Jr.Edição de Pedro Fonseca)
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