Solução para "guerra fiscal" e gestão centralizada de novo tributo geram impasse na reforma tributária
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Uma solução para a "guerra fiscal" praticada por Estados e a gestão centralizada do novo tributo que vai unificar o ICMS e o ISS são dois dos principais pontos de impasse para a votação nesta semana da reforma tributária na Câmara dos Deputados, disseram nesta segunda-feira fontes envolvidas nas negociações.
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que colocaria em votação nesta semana a reforma tributária, assim como o voto de confiança do Carf e o arcabouço fiscal -- que retornou à Câmara após passar por mudanças no Senado --, mas ainda há indefinições acerca da proposta que muda o sistema de tributos do país.
Uma fonte ligada ao presidente da Câmara afirmou que Lira tem a intenção de aprovar com algumas modificações o texto apresentado recentemente pelo relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Segundo duas outras fontes, há Estados que não querem acabar totalmente com a possibilidade de lançar mão de reduções de alíquotas tributárias para atrair empresas e investimentos, a chamada "guerra fiscal" entre os entes.
Uma quarta fonte, também ciente das negociações, avaliou que esse ponto de divergência já estaria superado, mas disse que ainda há discórdia em relação à gestão dos recursos do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que vai substituir o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).
Lira publicou nesta segunda-feira no Twitter que a reforma tributária é uma das prioridades da pauta de votação da Casa, que entra em recesso no dia 17 de julho. Isso foi acertado durante reunião de líderes no domingo com a presença de Aguinaldo e do coordenador do grupo da reforma, Reginaldo Lopes (PT-MG).
Para garantir quorum nesta semana, o presidente da Câmara ordenou registro de presença pessoal dos deputados de segunda até sexta. A atitude incomum na gestão de Lira surpreendeu gabinetes que estão, inclusive, tentando encontrar passagens para que deputados estejam em Brasília ainda nesta segunda.
Até a semana passada, a previsão era que fosse liberado registro de presença remoto. Se parlamentares não fazem o registro de presença podem sofrer descontos nos salários.
O texto da proposta da reforma tributária vem sofrendo resistência de alguns governadores e prefeitos de grandes cidades, que temem perder arrecadação com as mudanças.
O texto prevê a substituição de cinco tributos por um IVA dual não cumulativo, a ser cobrado no local de consumo dos bens e serviços. Assim, ficariam extintos os tributos federais IPI, PIS e Cofins -- que serão gradualmente substituídos por um IVA federal chamado de Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) -- e também o estadual ICMS e o municipal ISS -- a serem substituídos pelo IBS.
De forma a garantir os benefícios fiscais do ICMS já convalidados até 2032, o parecer incluiu a criação de um Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiros-fiscais, de modo a compensar as perdas de arrecadação regionais de 2029 --quando começa o prazo de transição do ICMS -- a 2032.
Os aportes de recursos serão feitos pela União em valores que começam em 8 bilhões de reais em 2025, aumentam até 32 bilhões de reais em 2028, reduzindo progressivamente até 8 bilhões de reais em 2032.
A proposta prevê ainda a criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional a ser alimentado pela União, com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais e sociais.
Em sua publicação no Twitter, Lira disse que "é chegada a hora de darmos um salto e aprovarmos uma nova legislação tributária que o Brasil merece".
"Daremos celeridade na votação dessas matérias fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país", prometeu.
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Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC
Reforma tributária sem decentralização é mito. É o caminho para favorecimentos maléficos. É o caminho para a corrupção. Não podemos aceitar reforma tributária que não deixe na origem o que compete ao município e ao estado. Além disso precisamos da reforma política para devolver a cada estado a proporcionalidade de representantes segundo sua população, e não, esta bagunça que está presente hoje no quadro de representação política.
Por hora só estou vendo na briga os arrecadadores de impostos; Governo Federal, Governadores e Prefeitos. Cada uma quer o maior osso. Eles não falam em diminuir carga tributária ... só brigam na hora de repartir. E o contribuinte ... o trabalhador, o produtor rural, onde estáo? Não veja quase ninguém se preocupando. Depois da lei aprovada não adianta reclamar, só resta pagar.
Sim, só resta pagar. Onde estão as nossas entidades representativas? Certamente estão deitados em berço esplendido como sempre estiveram. Lamentável mas creio que o produtor rural vai acordar. Vai ter que acordar.