Conilon brasileiro volta a ser o mais competitivo do mercado e coloca país de volta ao jogo internacional
Depois de um período perdendo certo espaço no mercado internacional, o cenário para o café conilon do Brasil deve começar a mudar nos próximos meses. Após uma baixa significativa nas exportações, o café conilon brasileiro volta a ser o mais competitivo do mercado.
Segundo dados levantados por Fernando Maximiliano, da StoneX Brasil, diante dos problemas de oferta enfrentados na Ásia, o diferencial para os cafés do Vietnã, Índia e Indonésia avançaram de forma significativa, enquanto os valores para o café do Brasil ficou abaixo do negociado na Bolsa de Londres.
Os números mostram que essa condição começou a mudar em maio. No último mês, o café vietnamita era negociado US$ 80 por tonelada acima da Bolsa, enquanto o da Indonésia ganhava mais de US$ 150 por tonelada. Neste mesmo período, o café do Brasil era negociado, pelo menos, US$ 130 por tonelada abaixo da Bolsa de Londres.
No mês de junho, essa diferença passou a ser ainda mais significativa, apesar da leve recuperação nos diferenciais. O café do Vietnã está sendo negociado US$ 300 acima de Londres, o da Indonésia acima de US$ 250 por tonelada e o do Brasil se mantém mais de US$ 100 dólares abaixo.
Para o analista, os preços podem refletir as exportações e o Brasil pode voltar a ganhar protagonismo na oferta deste tipo de café. "O Brasil vai ganhar espaço no mercado internacional. O Brasil volta a ser protagonista porque dentro das outras origens produtoras esses diferenciais estão firmes", afirma Maximiliano.
A StoneX estima a produção brasileira em 21.6 milhões de sacas, mantendo estabilidade em relação à temporada anterior. Já quando se fala nas demais origens, os números do USDA indicam que o cenário continuará sendo de oferta restrita.
Para o USDA, o Vietnã poderá ter um incremento de 5% na produção no ciclo 22/23 com 31 milhões de sacas, considerando as boas condições climáticas observadas até aqui. A colheita no Vietnã começa em novembro.
Ainda assim, a quebra na Indonésia será representativa, com o USDA estimando a produção de 23/24 em 9.7 milhões de sacas. O ciclo anterior foi de 11.28 milhões de sacas.
"É importante levar em consideração que mesmo com a alta na produção do Vietnã o problema não será resolvido, podemos ver um ajustes nos preços, mas a condição de oferta restrita permanece porque o grande problema é a Indonésia", comenta.
Acrescenta ainda que apesar do espaço para o Brasil, as lavouras ainda não devem atingir todo potencial produtivo, respondendo por mais um ano às condições climáticas adversas. "Temos esse espaço, mas é importante ressaltar que esse cenário não pode ser analisado de forma isolada, precisamos considerar que qualquer impacto no arábica pode influenciar os negócios", finaliza.
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