S&P eleva perspectiva para nota do Brasil com sinais sobre políticas fiscal e monetária

Publicado em 14/06/2023 19:53 e atualizado em 15/06/2023 07:49

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Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco S&P elevou nesta quarta-feira a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", afirmando que a mudança reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, o que pode beneficiar o quadro de crescimento econômico do país.

Essa foi a primeira melhora de perspectiva da nota de crédito do Brasil pela S&P desde dezembro de 2019. A agência reafirmou o rating "BB-" do Brasil, nota ainda três degraus abaixo do chamado grau de investimento, que indica baixo risco de calote.

Em relatório, a S&P afirmou que, apesar de ainda elevados déficits fiscais, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) somado ao arcabouço fiscal proposto podem resultar em um aumento menor da dívida do governo do que o inicialmente esperado. Para a agência, esse fator pode dar suporte à flexibilização monetária e sustentar a posição externa líquida.

"Tais desenvolvimentos reforçariam nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil, com estabilidade na formulação de políticas baseada em amplos freios e contrapesos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do governo", disse a S&P.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou o movimento e afirmou que é "inevitável" que o país retome o grau de investimento. À Reuters, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, previu que isso pode acontecer em 2026.

A agência, como de costume, também citou os cenários que poderiam levar a uma elevação na nota de crédito, ou a um rebaixamento.

Do lado negativo, poderia levar a um corte na nota de crédito a inadequada estrutura de políticas econômicas ou uma implementação deficiente que resulte em crescimento econômico limitado, e, consequentemente, em uma deterioração fiscal ainda maior e endividamento acima do esperado.

Já do lado positivo, a S&P citou que uma elevação de rating pode acontecer caso as instituições governamentais sejam capazes de implementar uma política econômica pragmática que contenha as vulnerabilidades das finanças públicas e crie uma base para um maior crescimento econômico. "Essencial para isso seria a aprovação de reformas adicionais -- entre elas uma reforma tributária atualmente em debate", disse a S&P.

Haddad afirmou a jornalistas que o movimento da agência reflete uma "mudança de rota" e agradeceu o apoio do Congresso e do Judiciário às iniciativas do governo para "arrumar as contas" e criar melhores condições para o crescimento. "Está faltando aí o BC (Banco Central) se somar a este esforço", afirmou Haddad, cobrando uma redução da taxa de juros.

A S&P, no entanto, apontou a autonomia do BC como um dos pontos fortes que sustentam o rating do país. A agência afirmou que medidas implementadas nos anos recentes têm ajudado a conter riscos à estabilidade macroeconômica, e que o risco dessas reformas serem revertidas caiu diante da adoção de uma política econômica "mais pragmática" pelos vários ramos do governo.

"A forte posição externa do Brasil, uma taxa de câmbio flexível e um regime de política monetária baseado em uma estrutura de metas de inflação conduzida por um Banco Central autônomo sustentam os ratings", disse a S&P.

(Por André Romani)

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Fonte:
Reuters

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