Raízen avalia fontes diversas de importação de combustíveis; monitora Petrobras
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Raízen avalia diversas oportunidades para a importação de combustíveis de forma a se manter bastante competitiva, disse o CEO, Ricardo Mussa, nesta segunda-feira, quando questionado sobre o produto russo, que vem entrando no Brasil mais barato.
O executivo disse ainda que aguarda para breve decisão da nova gestão da Petrobras, principal supridora do mercado nacional, sobre próximos passos para sua política de preços.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na semana passada que faria anúncio nesta semana sobre como será a política de preços de combustíveis da petroleira na nova gestão e que poderá reajustar valores de alguns produtos. O governo Lula prometeu mudanças que beneficiem consumidores nas bombas.
O mercado teme, no entanto, que os preços fiquem abaixo de valores internacionais, dificultando as importações de outras empresas.
"Como um dos maiores, se não o maior cliente da Petrobras, estamos aguardando para verificar como será o comportamento deles", afirmou Mussa, em teleconferência para comentar os resutados da companhia.
Ao ser questionado sobre importações de diesel russo, ele afirmou: "O que posso dividir com vocês é que estamos fazendo todo o possível para sermos competitivos e seremos, então não existe nenhuma restrição do nosso lado. Obviamente, dependendo da posição da Petrobras, nós vamos nos posicionar."
Paralelamente, a concorrente Vibra Energia avalia que o efeito de maiores importações de diesel russo barato por outros agentes do mercado brasileiro é restrito a algumas regiões do país, e ainda não tomou decisão de buscar o combustível na Rússia, disse nesta segunda--feira o CEO da companhia Ernesto Pousada, que também aguarda uma posição da Petrobras sobre a política de preços.
Distribuidoras menores de combustível têm apostado neste ano em importações do produto russo, considerando as melhores margens que podem proporcionar, enquanto algumas empresas temem sanções no exterior ao evitar o produto da Rússia por conta da guerra da Ucrânia.
O executivo da Raízen reiterou que não vê nenhuma limitação para importações. "Nós estamos avaliando o diesel russo de perto", pontuou, sem elaborar.
As declarações vêm diante de expectativas do mercado de que a Petrobras apresente mudanças em sua política de preços, que desde 2016 tem buscado seguir indicadores internacionais, mas não sem passar por diversas alterações.
Na mudança mais recente, a empresa vem buscando evitar o repasse de volatilidades externas.
A capacidade de refino brasileira não atende completamente à demanda interna, tornando o Brasil ainda dependente de importações de combustíveis.
Mussa ponderou, no entanto, não antever dificuldades a partir do comportamento dos preços neste ano. A Raízen vê valores globais mais baixos neste ano versus 2022, considerando o atual cenário internacional.
"Eu não vejo preços muitos altos de combustíveis este ano em relação ao ano passado, o que fez com que todos os governos refletissem isso nas suas políticas, o Brasil mais ainda por causa das eleições, isso não vai acontecer no Brasil este ano", considerou Mussa.
"Os preços vão ser ajustados para menos, isso vai beneficiar o governo se não houver nada novo no mercado. Então vejo menos volatilidade no Brasil e no Paraguai, e mais volatilidade no mercado argentino", disse ele, comentando sobre o cenário nos países onde a Raízen está presente.
(Por Marta Nogueira)
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