ISA Cteep vê lucro saltar no 1º tri e aponta integração energética de Brasil e vizinhos
Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A ISA Cteep registrou um salto de 171,9% no seu lucro líquido no primeiro trimestre e está otimista com as perspectivas de crescimento no setor de transmissão de energia, inclusive com oportunidades de integração energética do Brasil com países vizinhos, disseram à Reuters executivos da companhia.
A transmissora de energia teve no período de janeiro a março um lucro de 306 milhões de reais, versus 112,5 milhões de reais em igual trimestre de 2022, conforme o balanço da empresa divulgado nesta terça-feira.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu 739 milhões de reais, uma alta de 38,9% no comparativo anual.
Segundo a elétrica, os resultados foram impulsionados principalmente pela entrada em operação de projetos de transmissão e pelo impacto positivo do reajuste tarifário 2022/2023.
Além disso, a companhia também voltou a receber parte de uma indenização às transmissoras conhecida no setor como "RBSE", o que também ajudou os resultados trimestrais.
A diretora financeira, Carisa Portela, apontou que a ISA Cteep tem conseguido crescer seu portfólio com projetos de transmissão com retornos adequados, de dois dígitos, ao mesmo tempo em que mantém alavancagem "confortável", de 2,7 vezes a dívida líquida/Ebitda, e a usual distribuição de dividendos.
"E temos uma perspectiva crescente... Os cinco 'greenfields' que ainda temos para entregar vão gerar uma RAP (receita anual permitida) de mais 500 milhões de reais para a companhia", disse ela.
NOVAS OPORTUNIDADES
A ISA Cteep, que tem como sócia majoritária a colombiana ISA, está otimista com as perspectivas de crescimento no setor de transmissão, disse o CEO Rui Chammas, apontando interesse da companhia em eventuais projetos de integração energética do Brasil a países vizinhos.
O executivo ressalta que o Brasil é uma potência na geração de energia renovável e pode explorar essa vantagem exportando energia excedente para outros países, como já vem ocorrendo neste ano.
"Quanto mais estivermos integrados, e exportando essa energia barata para outros países, melhor... Por que não buscar outras conexões? Acho que haverá essa tendência, entendo que o governo vê com bons olhos a integração regional e acho que esse é um ganho", disse Chammas.
O Brasil aumentou seus volumes de exportação de energia elétrica a Argentina e Uruguai neste ano, diante das condições hidrológicas favoráveis que permitiram excedentes de produção das hidrelétricas. De janeiro a abril, a expectativa é de que essa exportação rendesse cerca de 500 milhões de reais em receitas extraordinárias para o setor elétrico.
Para o CEO da ISA Cteep, a exportação de energia via linhas de transmissão seria um "salto mais simples" do que o mercado de hidrogênio verde, que vem se desenvolvendo nos últimos anos mas possui um grau de complexidade muito maior.
Chammas afirmou ainda que a colombiana ISA "acredita muito na integração regional" e já atua com projetos do gênero na América Central.
Em relação aos próximos leilões de transmissão, Chammas disse que a companhia está "olhando tudo e ainda não descartou nada".
"(Estamos) estudando de forma mais intensa os lotes de junho, estamos até com apoio de engenharia da matriz (da ISA) em alguns temas, são lotes grandes".
O CEO reforçou que, apesar do apetite por novas aquisições, seja em leilões ou em processos de alienação abertos por outras companhias, a ISA Cteep não persegue "market share" e busca projetos com boa rentabilidade.
(Por Letícia Fucuchima)
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