Robustas Amazônicos: A produção de cafés resultou em um dos movimentos mais importantes da cafeicultura nacional
Se você está dentro do universo dos cafés especiais já deve ter percebido há algum tempo que os robustas amazônicos vêm ganhando destaque não só no Brasil, mas também no mercado internacional. Os cafés produzidos na região têm conquistado, ano após ano, os principais concursos de qualidade do país.
E como acontece em todas as regiões produtoras de café, ali naquele parque cafeeiro também existem muitas histórias nas Entrelinhas do Cafezal. E nossa parada hoje é justamente para contar sobre o movimento das mulheres do café de Rondônia.
Tudo começou em 2017 quando a comunicadora e especialista em marketing, Renata Silva, percebeu a necessidade de mostrar ao mundo a potência que as mulheres da região fazem a diferença nesta produção.
Renata, também jornalista da Embrapa Rondônia, já escreveu livros para contar essa história e também fz parte da equipe nacional da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. A jornalista se tornou voluntária da IWCA Brasil e iniciou a mobilização das mulheres de Rondônia que atuavam nas mais diversas áreas da cadeia do café, do campo à xícara.
Tudo começou com um grupo no Whatsapp. "Entre os pontos principais desses movimentos voltados para as questões de gênero, acho que a primeira condição que temos neste sentido é que antes de ser café, é a nossa condição enquanto mulher. Esse movimento teve início em 2017 a partir do meu despertar", conta ao Entrelinhas.
Na época, Renata já trabalhava há cinco anos com agronegócio, atuando na divulgação científica na produção agrícola na região da Amazônia. Convidada para participar do projeto "Mulheres do café do Brasil", ela percebeu a necessidade de divulgação dos trabalhos realizados há anos no estado.
"Como eu não percebi isso? Como eu não percebi outras mulheres no café de Rondônia e não dei espaço para elas? Essa cobrança que me fiz, imediatamente se transformou em ação. Neste mesmo dia da reunião criei um grupo no WhatsApp com algumas pessoas da cafeicultura de Rondônia e eu comecei ali a ter esse contato, a princípio para escrever o capítulo do livro e eu não tinha noção desse trabalho que estava sendo feito até aquele momento", relembra.
A partir de ali ela se conectou com as histórias das mulheres que constroem safra após safra, as próprias histórias com a cafeicultura. O grupo, que existe até hoje, é considerado uma ferramenta de trabalho, este que cada vez mais vem sendo divulgado, inclusive, com ajuda das mídias sociais.
É importante destacar que até hoje, o Movimento das Mulheres do Café de Rondônia: não tem fins lucrativos, nem vínculospolíticos ou partidários, institucionais ou com empresas privadas. É conduzido por voluntárias, tendo como lideranças a jornalista Renata Silva e a cafeicultora e engenheira agrônoma Poliana Perrut. É um Movimento representativo para a região Amazônica, reunindo milhares demulheres que atuam no setor do café nas redes sociais (Instagram, Facebook e WhatsApp) dando voz, visibilidade, reconhecimento, geração de oportunidades e acesso às capacitações.
"Outro ponto que é importante é o fato de nunca ter sido um movimento de segregação, não é um movimento só de mulheres, não é radical. É um movimento que trabalha com a sensibilização de mulheres, despertar de mulheres para sua capacidade. E que com essa mulher desperta, que ela possa utilizar seu potencial em prol do seu desenvolvimento e da sua família por meio do café", complementa. Para a jornalista, essa tem sido a base para os bons resultados alcançados nesses anos de trabalho.
Como já falei muitas vezes por aqui, no café ninguém faz absolutamente nada sozinho. No caso do movimento de Rondônia não foi diferente. No campo, Poliana Perrut foi e é uma grande aliada de Renata na condução do projeto.
"Ela no campo, no corpo a corpo com as produtoras, fazendo a extensão rural, ensinando as técnicas, multiplicando tudo que aprendeu. Ela foi a primeira mulher campeã de qualidade em Rondônia, abriu as portas para outras mulheres serem e fez questão de ensinar o que sabia, multiplicou mesmo e os frutos estão nas conquistas dos movimentos, muitas das mulheres campeãs depois dela eram atendidas por ela", afirma Renata.
Poliana é engenheira agrônoma, viveirista e extensionista rural. Além dessa publicação, o Entrelinhas do Cafezal tem como objetivo trazer de forma individual as histórias das cafeicultoras dos robustas amazônicas. Nos próximos meses vamos conhecer juntos as ações que têm sido realizadas na cafeicultura de Rondônia e não posso negar que estou ansiosa para andar nas Entrelinhas do Cafezal da região Amazônica. Vamos juntos? Por enquanto, para conhecer mais sobre o projeto, acesse aqui.
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