IPCA-15 desacelera mais que o esperado em abril com alimentos, mas gasolina pesa
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O avanço dos preços de alimentos e habitação mostrou algum alívio e a alta do IPCA-15 desacelerou em abril mais do que o esperado, levando o índice em 12 meses abaixo de 5% pela primeira vez em pouco mais de dois anos, embora a gasolina continue exercendo forte pressão.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,57% em abril, depois de avanço de 0,69% em março, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o índice considerado prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA, passou a acumular nos 12 meses até abril alta de 4,16%, de 5,36% em março, primeira vez em que fica abaixo de 5% desde fevereiro de 2021.
A meta para a inflação este ano é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
Os resultados ficaram ligeiramente abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,61% no mês e de 4,20% em 12 meses.
Em abril, a desaceleração do IPCA-15 teve como fatores as altas menos intensas nos preços Alimentação e bebidas (de 0,20% em março para 0,04% em abril), Comunicação (de 0,75% para 0,06%) e Habitação (de 0,81% para 0,48%).
A alimentação no domicílio registrou queda de 0,15% nos preços, com destaque para batata-inglesa (-7,31%), cebola (-5,64%), óleo de soja (-4,75%) e carnes (-1,34%).
Por outro lado, Transportes apresentou a maior alta dos custos, de 1,44%, e o maior impacto no índice do mês, embora tenha desacelerado levemente de 1,50% em março.
Esse resultado se deveu ao avanço de 3,47% nos preços da gasolina e de 1,10% do etanol. As passagens aéreas ainda dispararam 11,96% em abril, após recuo de 5,32% no mês anterior.
O Banco Central volta a decidir sobre a política monetária na próxima semana, com ampla expectativa no mercado de manutenção da taxa básica Selic em 13,75%, em meio a renovadas críticas do governo.
Analistas avaliam que a inflação no Brasil deve registrar desaceleração gradual, em um cenário de política monetária restritiva e atividade econômica fraca, mas retomando um pouco da força no segundo semestre.
A pesquisa Focus mais recente realizada pelo Banco Central junto ao mercado mostra que a expectativa é de que o IPCA encerre este ano com alta acumulada de 6,04%, indo a 4,18% em 2024.
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