Em declaração sobre crise climática, Brasil e China cobram financiamento de países ricos e prometem atuação conjunta
Por Lisandra Paraguassu
(Reuters) - Em uma declaração conjunta específica sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, os governos do Brasil e da China cobraram dos países desenvolvidos que acelerem os investimentos acordados em mitigação e desenvolvimento de tecnologia para combate às mudanças climáticas, como acertado no Acordo de Paris e que, até hoje, não vem sendo cumprido.
"Continuamos muito preocupados com o fato de que o financiamento fornecido pelos países desenvolvidos continua aquém do compromisso de US$ 100 bilhões por ano, como acontece todos os anos desde que a meta foi estabelecida em 2009, mesmo que o valor real necessário supere em muito esse compromisso", diz a declaração assinada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping.
A declaração informa também a decisão dos dois países de criar um subcomitê especial para mudanças climáticas dentro da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), para cooperar em questões políticas e tecnológicas.
As cobranças aos países desenvolvidos incluem, ainda, a promessa de lutar contra "barreiras comerciais verdes", além de atuar em conjunto com os países em desenvolvimento em fóruns internacionais.
"Estamos determinados a fortalecer ainda mais o multilateralismo, inclusive com todos os nossos parceiros do Grupo dos 77 e da China (G77+China), com vistas a um modelo de solidariedade climática que seja coletivo, que rejeite o unilateralismo e as barreiras verdes ao comércio, e que seja firmemente fundamentada em valores de solidariedade e cooperação em nossa comunidade internacional", diz a declaração.
Como mostrou a Reuters, o Brasil negocia com a China a criação de um fundo de investimento bilateral de investimento verde, para financiar e subsidiar o desenvolvimento de indústrias verdes e de energia renovável nos dois países. Era esperado algum tipo de anúncio de um pontapé inicial durante a viagem, o que terminou não acontecendo por falta de tempo hábil para as negociações.
O fundo foi proposto pelo Brasil em fevereiro, e está em estágios iniciais de negociação. Em conversa com a Reuters, há duas semanas, o assessor especial da Presidência Celso Amorim confirmou as negociações, mas deixou claro que não sabia se seria possível anunciar algo já agora.
Um outro ponto destacado na declaração é o acordo entre os dois países para construir mais um satélite de monitoramento, o CBERS-6, que será usado para ajudar no monitoramento de florestas, e a promessa de tomar medidas coletivas contra o desmatamento legal e a venda internacional de madeira.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
0 comentário
China intensificará medidas anticíclicas para melhorar economia, diz premiê
Ibovespa hesita na abertura com expectativa por pacote fiscal
Dólar recua na abertura em linha com o exterior após escolha de Trump para o Tesouro
Mercado eleva projeções para Selic e inflação em 2025, com alta do dólar, mostra Focus
Kremlin diz que círculo de Trump fala sobre acordo de paz na Ucrânia enquanto Biden amplia conflito
Minério de ferro sobe com cenário mais sólido para o aço, mas tensões comerciais limitam ganhos