Café é transformação: Grão especial do Sul de Minas Gerais ajuda a transformar vida de produtora que trabalha do campo à xícara
"O café especial foi o que trouxe poder de mudança na minha transição de carreira", assim começa a produtora de café especial Aline Codo. Ali em Coqueiral, no sul de Minas Gerais, ela é a quarta geração produtora da família e encontrou nas Entrelinhas do Cafezal um novo sentido profissional.
Formada em engenharia da comunicação, trabalhando em uma grande emissora de televisão e após visitar mais de 50 países em uma temporada fora do Brasil, foi em 2016 que Aline passou a olhar para a produção de café da família com outros olhos.
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Até então, a produção era tocada por seu pai e o irmão também não se interessava em dar continuidade aos negócios no campo. "Ao mesmo tempo que eu já estava repensando a vida corporativa, eu ficava pensando que uma lavoura de café tinha muita história, durava 30 anos. A príncipio meu pai parecia se incomodar em nenhum dos filhos se interessarem", comenta.
Apesar da vontade de fazer acontecer, a repeção não foi totalmente "animada", relembra Aline. Unir o antes e o depois da cafeicultura, como em muitas famílias, acaba trazendo certos impasses que podem ser quebrados com muito diálogo.
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Para entender a cadeia de ponta a ponta, a produtora foi atrás de cursos que atendem todas as áreas: do campo à xícara, buscando conhecimento técnico sobre perfil sensorial, método de preparo e boas práticas para garantir uma bebida de qualidade.
"Mesmo vindo de família produtora precisava de mais conhecimento. Foi a partir daí que descobri quanto o café era apaixonante. O café especial fala muito sobre pessoas e quando você entra nesse universo, é muito difícil querer sair", afirma.
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Resgatando a própria história, um tempo depois ela comprou uma área que antes era do avô. A partir dali começou a sua própria produção. Ela relembra que chegou em um momento que os produtores na região estavam em fase de transição e o primeiro passo foi fazer o mapeamento da qualidade.
"Fiz todo o mapa das lavouras e logo tivemos a primeira exportação", afirma. A primeira venda foi do seu próprio café foi embarcada para o Canadá. Neste mesmo processo, ela mostrou para o pai um outro universo, o de café especial, e também conseguiu vender o café dela para o Canadá e para Alemanha.
Além disso, Aline afirma que é importante destacar que apesar de ser pouco falado na família, ela não é a primeira mulher a tomar frente de uma produção cafeeira. Sua bisavó também passou a cuidar pessoalmente das lavouras após a morte do seu bisavó.
"Meu pai tinha aquele perfil tradicional de commoditie. Quando viu que eu vendi o café com mais de mil reais de diferença, chamou atenção e foi a partir disso que ele viu que outras técnicas também davam certo", comenta.
No café ninguém faz nada sozinho
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No café ninguém faz nada sozinho
Se existe uma verdade para quem se envolve com a cafeicultura é que aqui ninguém faz nada absolutamente nada sozinho. Um dos principais setores da economia deste país é também um setor que se movimenta através das pessoas.
Conversar com alguém que trabalha com café é também entender por as conexões são tão fortes. No caso da Aline, a história não acontece de forma diferente. Além de todos os amigos que tem feito com o café, ela também compartilha os cafés e a vida com Daniel Carvalho, seu marido e sócio em uma cafeteria e torrefação em Sorocaba.
Daniel também era de outra área de atuação, indústria farmacêutica e apesar de conhecer as lavouras de café através da Aline, foi em um hotel em uma viagem a trabalho no exterior que viu pela primeira vez a potência do café especial.
No saguão em hotel nos Estados Unidos, estava acontecendo uma apresentação de cafés especiais para compradores, o que chamou sua atenção.
Juntos escolheram Sorocaba para movimentar a cena do café especial. A cidade que é conhecida pela diversidade de cervejas, começa agora a também conhecer nuances especiais do café. Para conhecer mais sobre a cafeteria basta acessar @15coffeecompany no Instagram.
"Ainda é uma cidade muito carente de café especial. Nós somos a primeira cafeteria que planta, torra e serve esse café, através do conhecimento é que vamos mudando essa realidade", comenta Aline.
Nem mesmo os desafios impostos pela pandemia fez com o que casal mudasse de ideia. Flexibilização por flexibilização e eles foram ganhando espaço no interior de São Paulo. Daniel atualmente também é expert em café especial, se especializou na bebida e transforma tudo isso em informação ao consumidor final.
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"O café especial pede adversidade. Por isso nós temos produtores diferentes, com perfis diferentes. O consumidor precisa saber o quão rico é o café especial do Brasil", complementa Aline.
Comenta ainda que apesar de ser produtora, faz questão de apresentar na cafeteria cafés de outros produtores. O importante é que o cliente tenha diferentes experiências a cada vez que visitar o local.
"Precisamos mostrar isso. O café não serve apenas para deixar acordado. Estamos trabalhando de ponta a ponta para tentar fechar esse ciclo que tem muita gente envolvida", complementa.
Com a safra 23 batendo na porta, Aline conta que o sentimento é de animação e boas expectativas, após anos tão desafiadores com as questões climáticas. "Cada colheita é um universo novo, cada ano carrega uma identidade nova. Estou muito animada e me sinto privilegiada de poder participar da fazenda à xícara", finaliza.
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