Tereos vai elevar em 10% moagem de cana 23/24 no Brasil; prevê alta de 6,25% para açúcar

Publicado em 03/04/2023 09:51 e atualizado em 03/04/2023 10:30

Logotipo Reuters

Por Nayara Figueiredo

 

 

SÃO PAULO (Reuters) - A Tereos, uma das maiores produtoras de açúcar e etanol no Brasil, vai elevar em 10% o processamento de cana na safra 2023/24 no país para 19 milhões de toneladas, em meio à expectativa de um cenário promissor para os preços do adoçante na nova temporada, que começa oficialmente neste mês.

De acordo com projeção divulgada nesta segunda-feira, a produção de açúcar deve alcançar 1,7 milhão de toneladas, crescimento de 6,25% comparado à safra anterior, enquanto a fabricação de etanol está estimada em 580 milhões de litros, versus 480 milhões.

O CEO da companhia no Brasil, Pierre Santoul, disse à Reuters que a produção açucareira só não será ainda maior porque não há tanta margem operacional para expansão.

"Vamos fazer o máximo que conseguirmos em açúcar, o mix de produção poderá superar 65% nesta safra... Estamos no máximo, não da para ir muito além disso", afirmou o executivo sobre a parcela de matéria-prima para o adoçante.

Na temporada anterior, a empresa francesa já havia subido a destinação de cana para a fabricação de açúcar na unidade brasileira para 65%, contra 62% em 2021/22.

A produção de açúcar da Tereos no Brasil representa cerca de 35% a 40% do desempenho global da companhia no setor.

Na avaliação do CEO, o etanol está menos atrativo que o adoçante para as usinas no mercado e, atualmente, o preço do açúcar está e seguirá elevado por diversos motivos.

"O açúcar disponível no curto prazo não está em linha com a demanda, que é mais forte. E além disso, há bastante atraso no embarque de açúcar a partir do Brasil, por competição com as exportações de grãos e chuvas fortes que atrasaram o embarque no porto de Santos", disse ele.

O país está em plena colheita de uma safra recorde de soja 2022/23, que tem em Santos (SP) um de seus maiores canais de escoamento para exportação.

Do ponto de vista mundial, Santoul citou revisões nas expectativas para a produção açucareira que estão ocorrendo devido a uma seca na Índia e Tailândia, com possibilidade de menos açúcar principalmente entre os tailandeses.

Há também projeções de recuo na fabricação do adoçante na Europa, motivado por restrições ao uso de um defensivo importante para o combate de pragas na lavoura de beterraba sacarina.

Em contrapartida, o executivo vê o consumo global em uma crescente, principalmente nos Estados Unidos, países africanos e asiáticos.

"O mundo precisa de 7 milhões de toneladas de açúcar adicionais. A pergunta é: de onde virá esse açúcar hoje?", questionou. "O Brasil vai responder para essa demanda e a retomada de produção no Brasil é muito importante", afirmou.

"Então, nesse contexto, as expectativas para as próximas safras são bastante positivas e, sem dúvida, o açúcar será o produto mais interessante para o produtor brasileiro."

Em relação ao etanol, Santoul ainda comentou que os preços estão muito voláteis devido à influência das cotações do petróleo Brent e a incertezas no segmento de combustíveis no Brasil.

"Tem a volatilidade do mercado brasileiro de combustíveis com a política de preços da Petrobras. Qual vai ser a política da Petrobras? Então, são muitas perguntas abertas e quando você é produtor, quer mais estabilidade", disse o CEO da Tereos.

CLIMA

Santoul lembrou que o ciclo de 2022/23 foi uma safra de "reconstrução", após efeitos negativos de uma seca muito forte em 2021. Agora, as chuvas bem distribuídas que ocorreram entre janeiro e março no centro-sul colaboram para o crescimento da cana na nova safra.

"A complicação disso é que o plantio para a safra 2023/24 está atrasado, esse é um impacto para todo setor. A renovação (de canaviais) para a safra 2024 é um desafio", disse ele.

Historicamente, a Tereos renova cerca de 15% de seus canaviais no país, mas o percentual que será adotado nesta temporada vai depender das condições climáticas, "se elas vão permitir ou não".

O CEO também ressaltou que o andamento das chuvas entre os meses de abril e junho será crucial para definir o tamanho da safra.

Vale destacar que as últimas temporadas estiveram sob os efeitos do fenômeno climático La Niña e o ano de 2023 deve ser de neutralidade seguido por um El Niño, onde, teoricamente, há maior intensidade de chuvas no centro-sul, comentou Santoul.

"Estamos razoavelmente otimistas (com o clima)... mas isso pode mudar, o cenário base é de uma aceleração na volatilidade climática e sabemos que temos que conviver com isso", completou.

(Reportagem de Nayara Figueiredo)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário