Rússia adverte aliados regionais contra alinhamento com Estados Unidos
Por Guy Faulconbridge
MOSCOU (Reuters) - A Rússia alertou nesta sexta-feira aliados em toda a ex-União Soviética sobre os perigos de se alinhar com os Estados Unidos após o que Moscou disse ser uma tentativa de golpe apoiada pelo Ocidente na Geórgia, semelhante à revolução ucraniana "Maidan" de 2014.
A Rússia, envolvida no conflito mais mortífero na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, viu sua autoridade ser desafiada por vários vizinhos e aliados tradicionais desde que o presidente Vladimir Putin enviou tropas à Ucrânia em fevereiro do ano passado.
Em Tbilisi, milhares de georgianos foram às ruas durante três noites consecutivas para protestar contra o que eles disseram ser uma lei de "agentes estrangeiros" de inspiração russa que ameaçava inviabilizar a tentativa do país de estreitar os laços com a Europa.
"É muito semelhante ao Maidan Kiev", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, à televisão estatal, referindo-se à revolução de Maidan em 2014, que derrubou um presidente pró-Rússia na Ucrânia.
"Parece-me que todos os países localizados ao redor da Federação Russa devem tirar suas próprias conclusões sobre o quão perigoso é seguir o caminho do engajamento com a zona de responsabilidade dos Estados Unidos, sua zona de interesses."
As observações do principal diplomata de Putin indicam o nível de nervosismo em Moscou sobre o enfraquecimento de sua autoridade em todos os lugares, desde a Armênia e o Azerbaidjão no sul do Cáucaso até o Cazaquistão e o Tadjiquistão na Ásia Central.
Putin trata a guerra na Ucrânia como uma batalha existencial com o Ocidente sobre o futuro da Rússia e de seus ex-satélites soviéticos e imperiais, que desde 1991 são cortejados pelos Estados Unidos, Otan, UE e China.
Washington, Bruxelas e a Otan dizem que estão legitimamente construindo laços com países que se tornaram independentes após a queda da União Soviética --e que muitos temem sua vizinha muito mais poderosa, a Rússia.
BATALHA PÓS-SOVIÉTICA
Durante séculos, a Rússia tem sido o árbitro final dos assuntos nas vastas terras que por quase três séculos constituíram o império russo e depois a União Soviética.
Mas a guerra na Ucrânia, que Putin considera um divisor de águas quando Moscou finalmente reagiu às tentativas do Ocidente de contê-la, amarrou as Forças Armadas da Rússia.
Os opositores de Putin dizem que a guerra pode finalmente inaugurar uma nova fase do colapso soviético, que pode semear o caos na Rússia e permitir que antigos satélites de Moscou se voltem para o Ocidente ou para a China.
Washington e todo o Ocidente, disse Lavrov, queriam punir a Rússia porque ela era vista como "um jogador muito independente", que desafiava a hegemonia dos Estados Unidos.
Lavrov, ministro das Relações Exteriores de Putin desde 2004, disse que os eventos na Geórgia foram orquestrados de fora e motivados por uma tentativa ocidental de afastar aliados tradicionais da Rússia.
Ele disse que a lei da Geórgia sobre agentes estrangeiros, que o Parlamento abandonou nesta sexta-feira, foi usada como pretexto "para iniciar o que é, essencialmente, uma tentativa de forçar uma mudança de poder".
Ele não apresentou provas para apoiar suas afirmações. Políticos da oposição e manifestantes na Geórgia negam que sejam marionetes.
Eles dizem que simplesmente não concordam com a lei proposta e querem um futuro ocidental que a Rússia, que travou uma guerra contra a Geórgia em 2008, não oferece.
(Reportagem de Guy Faulconbridge)
0 comentário
Wall St sobe e small-caps tocam recorde após Trump nomear secretário do Tesouro
Dólar fecha quase estável, ainda acima de R$5,80, apesar de exterior favorável
Taxas curtas de juros futuros sobem com expectativa por pacote fiscal e longas caem com influência externa
Wall St abre em alta após escolha de Trump para o Tesouro
Ibovespa opera estável com mercado à espera de pacote fiscal
China intensificará medidas anticíclicas para melhorar economia, diz premiê