A inflação pode favorecer o Real, indica hEDGEpoint Global Markets em relatório
O cenário para as moedas dos mercados emergentes mudou rapidamente em 2023. Mesmo após a reabertura, a China continua mostrando um baixo apetite por commodities, e dado que a maioria dos EMs são exportadores líquidos de commodities, suas balanças comerciais e moedas normalmente enfraquecem quando a atividade da China é fraca.
Além disso, as preocupações com as taxas terminais do Fed estão aumentando. Os últimos dados de inflação e atividade divulgados para a economia dos EUA surpreenderam positivamente, levando a um pico nos rendimentos de 10 anos e no DXY. Isso também enfraquece as moedas EM, já que o capital flui para ativos menos arriscados. Apesar das perspectivas desafiadoras para os EMs, ainda vemos espaço para o Real apreciar. Olhando para os modelos de Fair Value, podemos ver que o USD/BRL deveria estar sendo negociado em patamares mais baixos de uma perspectiva fundamentalista, pois os diferenciais de taxas de juros - uma das principais variáveis em nosso modelo - provavelmente permanecerão elevados ao longo de 2023. Neste relatório vamos cobrir os principais fundamentos que sustentam nossa visão de que o BRL superará seus pares emergentes.
As pressões inflacionárias podem manter os diferenciais de rendimento elevados
Uma das principais razões por trás de nossa visão positiva para a moeda brasileira é um tanto quanto contraintuitiva. A inflação, que geralmente penaliza uma moeda - pois diminui o poder de compra da mesma em relação a outras moedas - pode na verdade ser um aliado do BRL no cenário atual.
Desde setembro passado, o IPCA do Brasil é inferior ao CPI americano, enquanto as taxas de juros do Brasil têm sido muito mais altas - mesmo com o aperto monetário do Fed. Isto significa que uma inflação ligeiramente mais persistente e alta nos próximos meses pode ser surpreendentemente positiva para a moeda brasileira, já que o Brasil está enfrentando um nível de inflação mais baixo em comparação com os EUA e - para combater a inflação - o BCB (Banco Central do Brasil) provavelmente manterá o diferencial de taxas de juros elevado.
Mas o que está elevando as expectativas de inflação no Brasil?
Primeiro, o governo central do Brasil (Presidente Lula e outros representantes) tem criticado a política monetária do BCB e questionado sua independência e o sistema de metas de inflação. Os agentes do mercado acreditam que um banco central independente pode tomar decisões baseadas exclusivamente em fatores econômicos e não políticos.
Isto significa que a política monetária pode ser definida com base nas necessidades da economia e não nos interesses de políticos ou grupos de interesses. No Brasil, um banco central independente tem ajudado a controlar a inflação, estabilizar a moeda e manter um sistema financeiro sólido. Consequentemente, quaisquer ameaças ao atual quadro monetário geralmente levam a expectativas de inflação mais altas.
Vemos pouco risco de que Lula desafie a independência formal do banco central de fato, ou tente aumentar as metas de inflação, pois nenhuma dessas medidas traria benefícios econômicos que superassem os custos políticos e reputacionais no mercado. No final do dia, o BCB provavelmente manterá seu atual posicionamento mais hawkish.
0 comentário
Wall St sobe e small-caps tocam recorde após Trump nomear secretário do Tesouro
Dólar fecha quase estável, ainda acima de R$5,80, apesar de exterior favorável
Taxas curtas de juros futuros sobem com expectativa por pacote fiscal e longas caem com influência externa
Wall St abre em alta após escolha de Trump para o Tesouro
Ibovespa opera estável com mercado à espera de pacote fiscal
China intensificará medidas anticíclicas para melhorar economia, diz premiê