Ibovespa fecha em queda com atenções voltadas para Petrobras
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, pressionado pela queda da Petrobras, após sessão volátil, com redução dos preços de combustíveis e expectativas para o resultado da petrolífera, particularmente anúncio sobre dividendos.
As ações da mineradora Vale atenuaram as perdas do índice.
Discussões e notícias envolvendo a reoneração dos combustíveis continuaram ocupando as atenções na bolsa paulista, que, no entanto, fechou durante o detalhamento das medidas decididas em reuniões envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e o titular da Petrobras.
Entre outras medidas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo brasileiro decidiu taxar a exportação de petróleo em 9,2% pelos próximos quatro meses. As ações de petrolíferas aceleraram perdas no final do pregão.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,74%, a 104.931,93 pontos, tendo alcançado 104.931,93 pontos na mínima e 106.793,71 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava 29,8 bilhões de reais.
Um dia após o Ministério da Fazenda confirmar a volta de tributos federais para os combustíveis, governo e Petrobras tiveram mais um dia de negociação buscando uma compensação para a reoneração, que, apesar de necessária do ponto de vista fiscal, deve ter um efeito de alta na inflação.
No caso de Petrobras, os receios também estão relacionados ao futuro da política de preços da estatal, com analistas ressaltando que qualquer proposta que sugira desvincular os preços domésticos da referência de paridade de importação implicaria mudanças significativas na rentabilidade da empresa.
"O mercado de ações continua volátil, cada hora vem uma notícia..", afirmou César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. "Isso acaba deixando o mercado volátil e nervoso", acrescentou.
O último pregão do mês também foi marcado por noticiário corporativo intenso, incluindo resultados do varejista GPA e da elétrica EDP Brasil, além de anúncio de investimentos da Weg, dados de produção da Braskem e eventual desinvestimento da BRF.
Em fevereiro, o Ibovespa acumulou queda de 7,49%, em parte pela saída de estrangeiros na esteira de reavaliações sobre o ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos, mas também por preocupações locais envolvendo a relação entre governo e Banco Central e as metas de inflação, entre outros fatores.
Na visão de Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3, o Ibovespa teve "uma queda considerável" no mês, amplificada por fatores globais, notadamente expectativas com a política monetária norte-americana, mas também questões locais, como o risco fiscal, "que ainda está bastante latente no país".
"Isso fez com que investidores internacionais buscassem alternativas de ativos em países com economias mais desenvolvidas e com menor risco de perdas no curto e médio prazos", observou.
Até o dia 24, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela B3, as vendas por estrangeiros no mercado secundário de ações brasileiro superavam as compras em 1,1 bilhão de reais em fevereiro, contra um saldo positivo de 12,55 bilhões de reais em janeiro.
Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,30%.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN fechou em queda de 3,48%, a 25,24 reais, revertendo os ganhos da primeira etapa da sessão. Em meio a discussões em Brasília envolvendo a reoneração dos combustíveis, a estatal anunciou corte nos preços da gasolina e do diesel. Na quarta-feira, a Petrobras anuncia o seu desempenho no quarto trimestre de 2022 e o foco estará principalmente no anúncio atrelado aos dividendos da companhia.
- GPA ON recuou 7,17%, a 15,54 reais, após o dono da bandeira Pão de Açúcar reportar prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais no quarto trimestre do ano passado, com queda na margem bruta. Executivos do grupo de varejo esperam recuperação da margem a partir do primeiro trimestre. No setor, CARREFOUR BRASIL ON cedeu 5,48%, a 13,45 reais, após renúncia do vice-presidente financeiro David Murciano.
- 3R PETROLEUM ON encerrou em queda de 6,97%, a 36,41 reais, contaminada por preocupações sobre o impacto de medidas fiscais no setor. A companhia também afirmou que a produção do Polo Papa Terra foi interrompida temporariamente, a partir de 25 de fevereiro. No setor, PRIO ON perdeu 9,04%, a 33,7 reais.
- BRF ON caiu 4,79%, a 6,16 reais, abandonando o sinal positivo da abertura, quando reagiu ao anúncio de que a companhia contratou o Banco Santander para ser seu assessor financeiro visando a alienação de sua operação de "pet food". A empresa acrescentou que o processo está em estágio inicial, "com conversas preliminares com potenciais interessados". A BRF reporta seu desempenho no último trimestre de 2022 ainda nesta terça-feira.
- VALE ON fechou em alta de 0,33%, a 85,32 reais. Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura mostraram tendências divergentes nesta terça-feira devido a uma perspectiva mista do mercado de curto prazo, com os preços em Dalian em baixa pela quinta sessão consecutiva, enquanto em Cingapura fechou no azul.
- EMBRAER ON avançou 3,17%, a 16,59 reais. Analistas da XP Investimentos reiteraram recomendação de "compra" para as ações, bem como estabeleceram preço-alvo de 22,50 reais para o papel para o final do ano. "Esperamos que 2023 continue refletindo uma melhoria operacional à medida que as entregas forem retomadas e a lucratividade aumente, com espaço limitado para um não atingimento do guidance este ano", afirmaram.
- WEG ON subiu 0,93%, 39,16 reais, após anunciar na noite da véspera que investirá 100 milhões de reais até 2024 para expandir a produção de sistemas de baterias de lítio no Brasil, em movimento que envolve uma nova fábrica em Santa Catarina e visa a crescente demanda por veículos elétricos.
- BRASKEM PNA fechou em alta de 1,31%, a 20,12 reais, mesmo após a petroquímica reportar recuo de 1% no volume de vendas de resinas no mercado brasileiro no quatro trimestre de 2022 contra igual período do ano anterior, para 861 mil toneladas, segundo prévia operacional.
- EDP BRASIL ON fechou com variação negativa de 0,05%, a 19,63 reais, mesmo após prejuízo líquido de 396,9 milhões de reais no quarto trimestre de 2022, com impacto principalmente de uma baixa contábil relacionada à usina termelétrica de Pecém. A elétrica já havia anunciado no final de janeiro um "impairment" de 1,2 bilhão de reais no ativo. O Ebitda da elétrica, por sua vez, subiu 22%. A companhia também disse que analisa potencial aquisição da Enel Ceará, mas que não há decisão tomada.
- ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 0,36%, a 25,43 reais, e BRADESCO PN cedeu 0,68%, a 13,08 reais.
(Por Paula Arend Laier)
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