Soja perde patamar importante dos US$15/bushel em Chicago com movimento acelerado pela notícia de washout de contratos da Argentina
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Soja perde patamar importante dos US$15/bushel em Chicago com movimento acelerado pela notícia de washout de contratos da Argentina
Os futuros da soja despencaram nesta terça-feira (28) na Bolsa de Chicago e encerraram o dia perdendo de 28,25 a 33,25 pontos nos principais vencimentos, os quais ficaram abaixo dos US$ 15,00 por bushel. O março fechou a sessão com US$ 14,90 e o maio com US$ 14,79 por bushel na Bolsa de Chicago. Além do grão, os futuros do farelo também despencaram e perderam mais de 3% nesta terça.
Como explica o analista do complexo soja, Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, "se esgotaram as notícias positivas", o que deu espaço para as perdas mais acentuadas diante de posições compradas recordes na soja em grão e, principalmente no farelo, que levaram os fundos a aproveitarem o momento e liquidar parte delas.
Além disso, rumores circulando no mercado de que a China teria feito operações de washout com soja da Argentina - entre duas estatais chinesas - repondo com produto brasileiro ajudaram na pressão e promoveram uma aceleração das baixas neste pregão.
"Faz sentido agora porque vale mais a pena esmagar essa soja na Argentina e embarca do Brasil para levar para a China. Então, faz sentido esse rumor. Se fala em um milhão de toneladas", diz o analista.
Os sinais que o mercado vem recebendo agora ainda estão um pouco distorcidos, como explica Vanin, o que dificulta uma definição de tendência para as cotações agora. As baixas poderiam, mesmo que em partes, ser revertida, mas precisaria de novas notícias, em especial sobre a soja americana.
"O Brasil está muito atrasado. Tem soja, mas não tem logística para isso, o que está saindo agora é para abril. Retirada em abril para embarque em maio. Não temos espaço no porto para vender soja de curto prazo. Já nos EUA tem soja e a capacidade está ociosa por conta do programa de exportação de milho mais lenta", complementa o especialista.
Na China, a demanda está um pouco mais contida e segue observando as estratégias dos vendedores - em especial do Brasil - bem como monitora a oferta local de farelo e o ritmo do esmagamento da soja no país. "Consumo de rações está muito volátil, como estão as margens dos suinocultores também. O mercado chinês está em um momento em que o consumo não aumenta e a oferta pode subir mais". E enquanto isso, vai buscando alternativas mais baratas como a cevada ração ou o trigo, por exemplo.
MERCADO BRASILEIRO
Os preços no mercado brasileiro também sentiram agressivamente as baixas fortes em Chicago, tanto nos portos, quanto no interior do Brasil. Ainda como relatou Vanin, a paridade de exportação, em média, está na casa de R$ 170,00 a R$ 171,00, o que liquida a soja em Mato Grosso a algo entre R$ 140,00 e R$ 141,00. "Há um mês falávamos de soja no Mato Grosso em R$ 160,00, ou seja, já se perdeu R$ 20,00 por saca".
Na ocasião, também como lembrou o analista, os prêmios ainda estavam positivos, os fretes não estavam tão caros e as indústrias estavam comprando. Hoje, o cenário está completamente invertido. E o produtor que ainda não vendeu pode seguir amargando preços menores.
O maior gargalo desta safra - e por isso um dos maiores fatores de pressão sobre as cotações - é a logística. Os prêmios de exportação já estão negativos diante não só de uma grande oferta vinda da nova safra, como também dos problemas e custos mais altos de transporte que são registrados agora. Os fretes subiram agressivamente no último mês e tiram boa parte da margem do produtor neste momento.
Mais do que isso, o tempo de espera dos navios nos portos - também pelo excesso de chuvas - é crescente e vai ajudando na pressão.
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