Rússia se diz aberta a negociações com Ucrânia, mas não abrirá mão de regiões anexadas
MOSCOU (Reuters) - O Kremlin repetiu nesta terça-feira sua posição de que a Rússia está aberta às negociações para pôr fim ao conflito na Ucrânia, mas afirmou que as novas "realidades territoriais" não podem ser ignoradas.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que a Rússia nunca renunciaria a suas reivindicações a quatro regiões ucranianas que Moscou declarou ter anexado no ano passado, após a realização de referendos, que Kiev e o Ocidente apontaram como falsos e ilegais.
"Há certas realidades que já se tornaram um fator interno. Refiro-me aos novos territórios. A Constituição da Federação Russa existe, e não pode ser ignorada. A Rússia nunca será capaz de se comprometer sobre isto, estas são realidades importantes", disse Peskov nesta terça.
A Rússia proclamou ter anexado as regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia em setembro passado em uma grande cerimônia em Moscou.
As regiões foram posteriormente nomeadas como súditos constituintes da Federação Russa em um decreto constitucional.
Peskov disse que a Rússia está aberta a negociações se Kiev aceitar o controle de Moscou sobre essas regiões.
"Com um estado de coisas favorável e a atitude apropriada dos ucranianos, isto pode ser resolvido à mesa de negociações. Mas o principal é atingir nossos objetivos", disse ele.
As forças russas não controlam totalmente nenhuma das quatro regiões, e Moscou diz estar lutando para "libertá-las" do controle dos neonazistas ucranianos.
Kiev e o Ocidente dizem que este é um pretexto infundado para uma apropriação ilegal da terra.
A Ucrânia diz que as tropas russas devem deixar cada centímetro de seu território, incluindo as quatro regiões anexadas e a península da Crimeia, que Moscou anexou unilateralmente da Ucrânia em 2014, antes que um plano de paz possa ser discutido.
(Reportagem da Reuters)
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