Dólar à vista cai sob influência do exterior, em dia de baixa liquidez
SÃO PAULO (Reuters) - Após exibir alta firme ante o real no período da manhã, o dólar à vista virou para o campo negativo durante a tarde, encerrando a sessão desta sexta-feira em queda.
A busca por proteção antes do período de Carnaval no Brasil e do feriado do Dia do Presidente na segunda-feira nos EUA impulsionou a busca pela moeda americana na primeira metade do dia, em movimento em sintonia com a alta do dólar ante outras divisas no exterior. À tarde, o dólar perdeu força lá fora e no mercado doméstico, em meio à liquidez reduzida.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,163 reais, em baixa de 0,94%.
Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,17%, a 5,1685 reais.
No início da sessão, o dólar chegou a subir 0,84%, com agentes do mercado procurando a proteção da moeda antes do Carnaval e do feriado nos EUA. “Quando há um intervalo grande em função de feriados, muita coisa pode acontecer. Eventualmente, bancos preferem dormir comprados em dólar, para ficar em posição defensiva. Pela manhã, vi muito isso”, comentou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
No exterior, a moeda americana também subia ante outras divisas de países emergentes e exportadores de commodities.
À tarde, porém, o cenário mudou. Em um ambiente de liquidez reduzida, o dólar foi para o campo negativo. Na cotação mínima do dia, registrada às 14h17, a divisa dos EUA marcou R$ 5,1502, em baixa de 1,16%. “O dólar também passou a se desvalorizar no exterior. O Brasil acompanhou”, afirmou Battistel.
Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,25%, a 103,850.
“O índice de dólar devolveu tudo no exterior”, destacou José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos. “Além disso, os juros curtos estavam subindo um pouco no Brasil, porque não houve aumento da meta de inflação. Isso favorece o real (ante o dólar)”, acrescentou.
Em reunião na quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) não tratou de possível mudança da meta de inflação para 2023, que tem faixa entre 1,75% e 4,75%, com o centro em 3,25%. No início da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia negado que o tema da meta estaria na pauta do CMN desta semana. O colegiado é responsável por definir a meta de inflação, em decisão que normalmente é tomada em junho.
No início da tarde desta sexta, Haddad afirmou a jornalistas em Brasília que teve uma reunião proveitosa, na quinta-feira, com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. São justamente os três que integram o CMN.
“Tivemos uma boa apresentação com a presença de Simone. Tivemos um longo papo de duas horas. Conversamos sobre alinhar as políticas monetária e fiscal”, disse Haddad.
Com a liquidez mais baixa durante a tarde, as operações de venda da moeda americana também favoreceram a queda das cotações. “O movimento foi agudo. A liquidez está comprometida nesta sexta”, comentou durante a tarde Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio da FB Capital.
(Por Fabrício de Castro)
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