Dólar tem viés de alta frente ao real antes do Carnaval e com exterior cauteloso; mercado digere CMN
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava com viés de alta ante o real nesta sexta-feira, em linha com o exterior e refletindo postura defensiva do mercado antes do Carnaval, enquanto investidores continuavam monitorando o clima entre governo e Banco Central após o Conselho Monetário Nacional (CMN) não ter tratado da meta de inflação em reunião da véspera.
Às 10:16 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,17%, a 5,2208 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a subir até 0,82%, a 5,2546 reais. Neste início de sessão, a liquidez está reduzida, de acordo com alguns operadores. Antes do feriado, a expectativa é de menos negócios, principalmente durante o período da tarde.
Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,01%, a 5,2290 reais.
"Vamos entrar num período de feriado de dois dias no Brasil. Toda vez que isso acontece, os operadores costumam comprar moeda forte, montar uma posição forte, dado que pode acontecer alguma surpresa" enquanto os mercados estão fechados, explicou Alexandre Viotto, chefe de banking da EQI Investimentos.
No exterior, colaborando para o viés positivo da moeda norte-americana frente ao real, o índice que compara o dólar a uma cesta de seis pares fortes avançava 0,40%. Segundo Viotto, essa alta reflete temores de que o Federal Reserve siga elevando os juros de forma a combater a inflação, bem como uma maior demanda por segurança antes de feriado nos Estados Unidos na segunda-feira.
Enquanto isso, o noticiário envolvendo as disputas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central do Brasil segue no radar, mesmo depois de a especulação do mercado financeiro de que o governo poderia eventualmente elevar a meta de inflação em uma tentativa de criar espaço para a redução da taxa de juros não ter se concretizado no encontro do CMN da véspera.
Em entrevista à CNN Brasil, Lula defendeu que o BC controle a inflação e estimule o crescimento e a geração de empregos. Nas mesas de operação, o discurso mais recente do presidente foi apontado como um dos fatores para a sustentação do dólar ante o real.
"Quando a gente vê o governo usando os canais de comunicação para falar que tem que ter uma meta de inflação mais alta e uma taxa de juros mais baixa... isso faz o real se desvalorizar", disse Viotto. "O que tem segurado o dólar é justamente o diferencial de juros que tem entre Brasil e outras economias concorrentes."
Segundo ele, a tensão entre governo e Banco Central "deu uma acalmada" no final desta semana, mas a incerteza no mercado de câmbio doméstico tende a continuar, também sob efeito de temores fiscais.
Nesse sentido, uma esperança é a sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a pasta apresentará um novo arcabouço fiscal para o país já em março. "É um excelente sinal de que ele está preocupado e sabe que tem que mostrar algo para o mercado", disse Viotto.
(Por Fabrício de Castro e Luana Maria Benedito)
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