Riscos de inflação nos EUA não desapareceram, indica hEDGEpoint

Publicado em 14/02/2023 14:54

Os bancos centrais aumentaram as taxas de juros ao nível mais alto em 40 anos para reduzir a inflação, diminuindo artificialmente a atividade econômica. Embora os índices de preços tenham caído em todo o mundo, as forças inflacionárias não desapareceram.

O recente declínio nos preços de energia alimentou o otimismo de que a política monetária poderia ser aliviada no final deste ano, causando uma queda acentuada nas taxas de juros globais de longo prazo. Isto tem enfraquecido as condições financeiras, apesar dos bancos centrais continuarem subindo os juros. Pela primeira vez, os juros dos EUA estão aumentando enquanto as condições financeiras estão ficando mais frouxas (veja gráfico à esquerda).

Trata-se de uma situação difícil. Por um lado, os mercados esperam que a desinflação aconteça sem uma recessão. Por outro, os bancos centrais poderiam decidir reduzir o otimismo dos investidores mostrando que pressões inflacionárias são mais persistentes que o esperado.

Baixar os riscos inflacionários na atual conjuntura macro é preocupante, pois a história mostra que a inflação é normalmente persistente. Portanto, ver os índices de preços subindo novamente ao longo de 2023 não seria surpreendente - por três razões.

Apesar de crescentes expectativas de recessão, o mercado de trabalho dos EUA nunca esteve forte nos últimos 50 anos. O desemprego extremamente baixo dá aos trabalhadores mais barganha para negociar seus salários - o que se traduz em inflação salarial;

O crescimento voltou à economia europeia, o que fortalece o euro e enfraquece o dólar americano. Uma moeda mais fraca significa que os custos de importação aumentam nos EUA, antecipando altas nos níveis de inflação domésticos;

Commodities energéticas continuam vulneráveis a novas rodadas de sanções em função da invasão da Ucrânia, o que poderia impactar a oferta quando o consumo de petróleo por parte da China está aumentando.

Embora os mercados estejam certos de que a inflação continuará caindo, há alguns fundamentos que apontam para a direção oposta. Um deles é que os mercados de trabalho, não apenas nos EUA mas globalmente, estão muito apertados. O número de trabalhadores em relação à população total permanece baixo -- indicando um forte aperto na oferta de mão de obra.

Sob tais circunstâncias, trabalhadores têm barganha ao negociar suas remunerações, resultando em aumentos. Salários representam uma parte dos custos dos serviços e, quando aumentam, empresários os repassam aos consumidores finais. Preços finais maiores resultam desta situação, e, portanto, inflação.

Um ponto de atenção, particularmente à economia americana, é que a atividade europeia surpreendeu positivamente as expectativas e está crescendo. Isto tem o potencial de tornar o euro mais forte, tipicamente enfraquecendo o Índice do Dólar (DXY).

Isto é uma bandeira vermelha para os níveis de inflação nos EUA, especialmente porque os preços de importação, uma parte significativa do índice do CPI, se tornam mais caros. No gráfico à direita, é possível ver que momentos de aumento do DXY são acompanhados por quedas nos preços de importação, e vice-versa. Portanto, se os níveis de atividade na Europa mantiverem o ritmo, não seria surpreendente ver a moeda americana mais fraca -- o que faria com que inflação estrangeira seja importada.

Além do apertado mercado de trabalho e do aumento dos preços de importação, outro fundamento inflacionário é que o fornecimento de commodities energéticas continua ameaçado pela guerra na Ucrânia. A Zona do Euro acabou de sancionar os refinados russos, forçando a região a buscar fornecedores a suprir esta lacuna.

Não será algo fácil, pois grandes volumes de combustíveis russos estavam sendo enviados à Europa antes do embargo. Caso a economia global passe por outra falta de diesel em função desta conjuntura, a manufatura poderá ser atingida, pois os custos de produção se dão em função do preço dos destilados médios. Problema é que as ofertas do varejo estão insuficientes nos EUA, e o risco de queda na produção poderá exacerbar esta escassez.

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Fonte:
hEDGEpoint Global Markets

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