Ibovespa mostra indefinição em meio a balanços, Campos Neto e inflação nos EUA
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa não firmava uma direção nesta terça-feira, com a temporada de balanços destacando Banco do Brasil e Carrefour na ponta positiva, enquanto São Martinho figurava entre as maiores quedas, em sessão também marcada pela repercussão de declarações do presidente do Banco Central e dados de inflação nos Estados Unidos.
Às 11:37, o Ibovespa subia 0,01%, a 108.846,22 pontos. Na máxima, chegou a 109.564,11 pontos. Na mínima, a 108.541,79 pontos. O volume financeiro somava 5,4 bilhões de reais.
Em meio a sucessivas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à atuação do Banco Central e ao nível da Selic, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou na véspera que o BC não propôs ao governo um aumento da meta de inflação, mas tem sugestões de aprimoramento do mecanismo.
Convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura, Campos Neto também disse entender a pressa de Lula e destacou que o BC não gosta de juro alto, mas argumentou ser difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada. Nesta terça-feira, ele voltou a comentar sobre o tema e outros assuntos.
"A nosso ver, ficou claro que o objetivo de Campos era reduzir a tensão entre a autoridade monetária e o governo. Acreditamos que ele usou a linguagem correta para atingir esse objetivo", afirmou a XP Investimentos, em nota a clientes.
"Dito isso, acreditamos que as políticas fiscais e parafiscais se tornarão mais expansionistas daqui para frente; e que as expectativas de inflação permanecerão acima da meta. Assim, vemos pouco espaço para cortes de juros nos próximos trimestres. Isso significa que as tensões podem diminuir por ora, mas podem aumentar novamente adiante."
No exterior, o destaque era a divulgação do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, que aumentou 0,5% no mês passado, após alta de 0,1% em dezembro, em linha com as expectativas, corroborando apostas de que o Federal Reserve deve manter uma trajetória moderada de alta de juros.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 0,53% nos primeiros negócios.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL ON avançava 4,29%, a 42,34 reais, após reportar na véspera que lucro recorrente de outubro a dezembro de 9 bilhões de reais, acima das expectativas. O BB também projetou lucro ajustado de 33 bilhões a 37 bilhões de reais para 2023. Analistas avaliaram positivamente os números, tanto do balanço como o "guidance", com o JPMorgan elevando a recomendação das ações para "overweight", bem como o preço-alvo dos papéis a 56 reais. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN desvalorizava-se 0,11% e BRADESCO PN tinha elevação de 0,91%.
- SÃO MARTINHO ON recuava 2,79%, a 27,16 reais, no primeiro pregão após divulgar balanço trimestral com queda no lucro líquido, para 429,7 milhões de reais. A companhia de açúcar e etanol também divulgou Ebitda ajustado de 774,9 milhões de reais para o terceiro trimestre do ano-safra 2022-2023, declínio de 13,2% ano a ano, com margem Ebitda ajustado caindo de 58,3% a 50,5%. Analistas do BTG Pactual avaliaram que os resultados do período foram fracos, mas não particularmente surpreendentes. No setor, RAÍZEN PN, que divulga balanço após o fechamento, caía 3,42%.
- CARREFOUR BRASIL ON avançava 3,99%, a 14,60 reais, mesmo após reportar queda de 28,2% no lucro líquido ajustado do quarto trimestre frente a um ano antes, pressionado pelos custos das conversões de lojas adquiridas do BIG e das maiores despesas financeiras, enquanto as vendas líquidas avançaram 36,3%. Até a véspera, as ações acumulavam queda de 14,65% em fevereiro. No setor, GPA ON valorizava-se 2,8%. A varejista controlada pelo francês Casino divulga seu balanço no dia 27 de fevereiro, após o fechamento do mercado.
- PETROBRAS PN tinha variação negativa de 0,15%, a 26,76 reais, em mais uma sessão de queda dos preços do petróleo no exterior, com o Brent recuando 2,33%, a 84,59 dólares o barril. No setor, PRIO ON caía 2,88% e 3R PETROLEUM ON perdia 3,3%.
- VALE ON subia 0,54%, a 87,18 reais, favorecida pela alta dos contratos futuros de minério de ferro em Dalian, na China. A mineradora brasileira também comprou de volta uma participação de 30% na Vale Oman detida pela OQ, empresa estatal de energia de Omã, informou a agência de notícias estatal daquele país.
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