Dólar avança frente ao real com Fed e isenção do IR no radar
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava frente ao real nesta segunda-feira, em linha com o clima internacional cauteloso em meio à possibilidade de manutenção de uma postura de política monetária rígida por parte do Federal Reserve, enquanto, no Brasil, investidores digeriam a possível intenção do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de ampliar a isenção do Imposto de Renda.
Às 10:32 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,40%, a 5,1661 reais na venda.
Na B3, às 10:32 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a 5,1850 reais.
Esse movimento estava em linha com o fortalecimento da moeda norte-americana frente a vários pares de países emergentes ou sensíveis às commodities, como dólar australiano, peso mexicano e rand sul-africano.
Segundo investidores, o mercado global ainda estava cauteloso na esteira de dados de sexta-feira que mostraram a abertura nos Estados Unidos de 517 mil vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, leitura bem mais forte que as 185 mil vagas esperadas por economistas consultados pela Reuters.
Os números, que contrastam com um recente arrefecimento em dados de inflação norte-americanos, reduziram esperanças de que o banco central dos EUA poderia encerrar seu atual ciclo de aperto monetário com juros abaixo de 5%.
"Se os membros do Fed estão confusos, imagina os investidores para saber para que ponto, para onde vão os juros nos Estados Unidos... Então isso deixou a volatilidade maior e o dólar se valorizando forte frente a todas as moedas, e, não seria uma exceção, em cima do real", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
A pauta fiscal também colaborava para a cautela no mercado doméstico nesta segunda-feira, depois de duas fontes terem dito no sábado que o governo Lula estuda aumentar a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos este ano.
Uma isenção mais ampla representaria uma renúncia de receita muito maior em um momento em que a equipe econômica busca reduzir o forte déficit primário esperado para 2023 e sinalizar disciplina fiscal.
"Tem uma preocupação efetivamente sobre como o governo vai lidar com essa isenção do IR... Não se tem ainda ideia de onde vai sair esse dinheiro, até porque vai ter que ter uma contrapartida para conseguir aprovar isso conforme a lei de responsabilidade fiscal e jogar isso em cima do Orçamento", explicou Velloni.
Investidores também têm se mostrado desconfortáveis com uma aparente tensão entre o governo e o Banco Central, uma vez que Lula e membros de sua administração têm criticado a taxa de juros elevada e a independência da autarquia.
O Banco Central, que manteve a Selic em 13,75% na semana passada e alertou em seu comunicado de política monetária para os riscos da irresponsabilidade fiscal, divulgará a ata de seu último encontro na terça-feira, o que deve concentrar a atenção de participantes do mercado nesta semana.
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana spot subiu 1,98%, a 5,1456 reais na venda, maior valorização percentual diária desde 10 de novembro passado (+4,10%) e a cotação de encerramento mais alta desde 23 de janeiro (5,1993).
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