Indústria do Brasil inicia 2023 em contração pelo 3º mês, mas ritmo de queda diminui, mostra PMI
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade industrial do Brasil iniciou 2023 marcando o terceiro mês seguido de contração, mas o ritmo de queda se reduziu, refletindo retrações menores em novas encomendas e na produção, enquanto o desempenho das vendas internacionais se deteriorou mais, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta-feira.
O levantamento da S&P Global mostrou que o PMI para a indústria subiu a 47,5 em janeiro de 44,2 em dezembro, permanecendo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
No entanto, a leitura é a mais elevada no atual período de três meses de retração do setor, marcando uma deterioração mais fraca nas condições de negócios.
"O ambiente empresarial continua difícil, com as indústrias encontrando demanda subjacente fraca e o adiamento de projetos existentes devido a um mercado inflacionado, custos de empréstimos altos e preocupações com as políticas públicas", destacou Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence.
"Alguns pontos positivos ... vieram de sinais de que as taxas de contração estão ao menos perdendo força", completou.
Os produtores de bens, segundo a pesquisa, indicaram que a demanda fraca, o aumento dos preços e a incerteza fiscal afetaram as vendas em janeiro.
Houve queda nas novas encomendas pelo quarto mês seguido, ainda que no ritmo mais fraco desde outubro. As encomendas internacionais também foram restringidas no mês por condições econômicas desafiadoras globalmente e por temores de recessão, e as vendas internacionais caíram num dos ritmos mais fortes em 17 anos da pesquisa.
A fraqueza da demanda levou as empresas a reduzirem os volumes de produção, em meio ainda ao cancelamento e adiamento de pedidos existentes. No entanto, a queda da produção foi a mais fraca no atual período de três meses de contração.
Em relação à inflação, preços mais elevados de alimentos, metais, plásticos e alguns componentes importados mantiveram os custos em alta, com a taxa de inflação acelerando ao maior nível em cinco meses.
Algumas empresas tentaram repassar os aumentos de custos a seus clientes, mas outras ofereceram descontos devido à demanda fraca, condições competitivas e excesso de estoques.
O cenário de fraqueza levou a novos cortes de empregos no setor industrial, mas a contração foi marginal e no ritmo mais fraco em três meses.
Apesar desse cenário, o otimismo permaneceu elevado, em meio a previsões de recuperação de demanda, investimentos e lançamentos de novos produtos. No entanto, o nível de confiança foi mais fraco do que em dezembro diante de preocupações com as políticas públicas e juros altos.
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