Curva de açúcar reflete superávit esperado, indica hEDGEpoint Global Markets
Embora alguma correção tenha sido observada durante as últimas sessões de 2022, esta semana os preços do açúcar atingiram o nível de 20 USc/lb mais uma vez. Esse aumento foi impulsionado por notícias sobre as expectativas de safra da Índia. O diretor administrativo da Federação Nacional das Fábricas Cooperativas de Açúcar Ltda indicou que chuvas excessivas e tempo nublado podem ter afetado o desenvolvimento vegetativo da cana, tornando difícil para o país atingir a produção de açúcar anteriormente esperada de 36,5Mt.
O mercado se assustou com a queda de 2,2Mt nas estimativas da agência, chegando a 34,3Mt e, assim, os preços reagiram, principalmente o contrato de março -- já que a redução deveria, à primeira vista, impactar o volume total disponível no 1T. Este movimento fez com que o spread mar/mai voltasse para mais de 1,35USc/lb.
No entanto, embora a Índia esteja compartilhando suas atualizações, cerca de 5,6Mt do adoçante já foram contratadas, o que significa que esse volume deve atingir os fluxos comerciais pelo menos até maio. Nesse sentido, correções são esperadas -- especialmente considerando os resultados positivos na moagem e na produção de açúcar observados no país até o momento. Portanto, esperamos que os spreads mar/maio caiam abaixo de 100pts.
Já o spread mai/jul apresentou alguma estabilidade. Enquanto o Hemisfério Norte é responsável por abastecer o mercado na ausência do Brasil, os spreads seguem estáveis e positivos -- embora tenhamos superávit, não é grande e, portanto, a curva futura segue invertida, pelo menos até outubro.
Ainda, a ideia de um certo conforto deve ser suficiente para evitar uma grande subida dos spreads. Poderíamos dizer que o mercado está entrando em um momento neutro com um viés de baixa.
À medida que nos aproximamos do início da safra brasileira 23/24, e com as atuais perspectivas positivas, os spreads julho/out e out/mar sentem a pressão. Um bom desenvolvimento da cana e uma maior produção de açúcar no país significam um possível maior superávit nos fluxos comerciais.
A atual estrutura física, portanto, indica que a partir de julho o mercado estará superofertado e a curva futura já dá sinais de voltar ao carrego. Claro que há riscos ao excesso de disponibilidade. Em termos de fundamentos, o principal é o clima. Até agora, este tem sido positivo para a moagem no Hemisfério Norte e para o desenvolvimento da cana brasileira.
As previsões dão sinais de manutenção desta tendência, porém, se algo der errado -- se a cana do Centro-Sul não receber luz solar suficiente, se a precipitação se estender para além de seu período e volume ideal, ou mesmo se a região enfrentar um inverno rigoroso, a produção poderá ser menor do que o previsto.
Além disso, há o risco político. Até agora, nossos números representam uma safra mais açucareira, considerando as últimas declarações do governo brasileiro que induziram uma tendência baixista. Por sinalizar uma possível redução artificial dos preços dos combustíveis domésticos por meio de uma nova metodologia de precificação da Petrobras, o mercado vem precificando um mix de açúcar superior a 46%.
É claro que isso também pode ser alterado caso o governo decida não interferir nos preços, e pode até dar uma guinada otimista se a palavra final for trazer todos os impostos ao realizado em maio 2022 -- no entanto, esse cenário é altamente improvável.
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