Estoque de crédito cresce 14% em 2022 mesmo com maior juro bancário em seis anos
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O estoque de crédito no Brasil cresceu 14% em 2022 na comparação com o ano anterior, mesmo diante da continuidade no processo de alta nas taxas de juros cobradas pelos bancos, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira.
O saldo total de crédito subiu 1,3% em dezembro sobre novembro, e fechou 2022 em 5,326 trilhões de reais, correspondente a 54,2% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgou o Banco Central nesta sexta-feira.
A taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras, que vem acompanhando o aperto monetário promovido pelo Banco Central para controlar a inflação, encerrou 2022 em 42,0% ao ano --no fim de 2021, estava em 33,8% ao ano. O nível é o mais alto desde 2016, quando o país passou por grave crise econômica, com a taxa média encerrando o ano em 51%.
Os dados referem-se ao segmento de recursos livres, em que o custo dos financiamentos é livremente estabelecido pelas instituições financeiras, sem interferência do governo.
A taxa média de juros total, incorporando os recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, fechou 2022 em 29,9% ao ano, também no maior nível desde o fechamento de 2016.
A taxa Selic, que iniciou o 2022 em 9,25% ao ano, foi elevada pelo Banco Central ao longo dos meses e encerrou o ano em 13,75%. Nas últimas reuniões, a autarquia optou por manter a taxa básica de juros nesse nível.
Com a elevação das taxas cobradas pelas instituições financeiras, o nível de inadimplência apresentou elevação no ano passado, encerrando dezembro em 4,2% nos recursos livres, uma alta de 1,1 ponto percentual no ano.
Em 2022, também houve crescimento no spread bancário, a diferença entre o custo de captação de recursos pelas instituições financeiras e o que elas cobram dos clientes na concessão do crédito.
O patamar do spread nas operações com recursos livres ficou em 29,0 pontos percentuais em dezembro, contra 23,6 pontos no mesmo mês de 2021.
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