Adversidades climáticas já impactaram safra de verão de milho no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul é um dos principais produtores de grãos do Brasil. Analisando a série histórica da Conab, o estado mais ao Sul do país se posicionou entre os três principais produtores da safra de verão de milho em praticamente todas as temporadas, disputando com Minas Gerais e Paraná a primeira colocação. No caso da soja, o Rio Grande do Sul também tem ficado constantemente entre os três principais produtores nacionais, competindo com o Paraná pela segunda posição.
Apesar de frequentemente se posicionar entre os principais produtores de soja e milho verão, não é incomum a safra gaúcha sofrer com adversidades climáticas, como ocorreu na temporada 2021/22, que foi marcada por um padrão consideravelmente mais seco que o normal em um momento de grande importância para o desenvolvimento das culturas. Para o ciclo passado, a StoneX chegou a estimar a produtividade gaúcha da safra de verão de milho em 6,9 ton/ha, o que resultaria em uma produção de 5,76 milhões de toneladas. Contudo, ao final da temporada, esses números estavam estimados em, respectivamente, 2,76 ton/ha e 2,56 milhões de toneladas.
Essa quebra também foi observada na safra de soja. Antes das adversidades climáticas, a StoneX estimava a produção gaúcha em 22,03 milhões de toneladas, com um rendimento médio de 3,45 ton/ha. Entretanto, ao final do ciclo, apenas 11,14 milhões de toneladas foram colhidas, tendo o estado registrado uma produtividade média de 1,76 ton/ha.
Há alguns meses, quando a StoneX começou a divulgar suas primeiras estimativas para a temporada 2022/23, já havia uma preocupação com o clima, uma vez que eram elevadas as chances de o fenômeno La Niña ocorrer pelo terceiro ano consecutivo, afetando o regime de chuvas, especialmente no Sul do país, e o potencial produtivo das lavouras. Recentemente, essa preocupação se tornou realidade e as áreas da primeira estão sendo impactadas por condições climáticas adversas.
A irregularidade das chuvas no estado gaúcho durante a segunda quinzena de novembro e ao longo das primeiras semanas dezembro, momento considerado crucial para a determinação do potencial produtivo das lavouras em muitas regiões, acabou acarretando perdas de produtividade. Nos últimos dias, o estado chegou a receber chuvas, mas essas não ocorreram de forma generalizada e, portanto, algumas regiões apresentaram certa recuperação, mas outras não. A região noroeste do estado é a que se encontra em uma situação mais crítica nesse momento, dado o estado fenológico da cultura.
Precipitação média no Rio Grande do Sul em 2022 X 20 anos
Atualmente, a expectativa é que o estado registre uma produtividade média de 96,26 sc/ha (5,78 ton/ha), o que resultaria em uma produção de 4,51 milhões de toneladas, volume 16,3% menor que o trazido no último relatório de estimativa de safra divulgado pela StoneX. No entanto, será importante acompanhar as condições climáticas no restante de dezembro, visto que o Rio Grande do Sul ainda depende de boas chuvas para finalização da safra, já que as regiões de plantio e desenvolvimento tardio podem sofrer com adversidades climáticas.
Evolução da produção de milho verão no Rio Grande do Sul (milhões de toneladas)
No caso da soja, ainda é cedo para se falar concretamente sobre perdas, dado que o clima ao longo de janeiro e fevereiro será essencial para a definição da safra. Contudo, será fundamental acompanhar o cenário que irá se desenvolver na região, visto que, como já comentado, em algumas das últimas temporadas o estado apresentou expressivas quebras de safra para a oleaginosa.
Evolução da produção de soja no Rio Grande do Sul (milhões de toneladas)
Previsão de precipitação (mm)
Safra de milho em São Luiz Gonzaga, RS – 14 de dezembro de 2022
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