Complexo Soja: Apesar de perda semanal de mais de 6% do óleo, grão fecha semana no positivo
A semana termina com destaque para o óleo no complexo soja na Bolsa de Chicago. Os futuros do derivado foram severamente pressionados nas duas últimas sessões, tendo acumulado perdas de mais de 6% entre os principais vencimentos. O contrato janeiro cedeu 6,04% para 67,38 cents de dólar por libra-peso, enquanto o março foi a 65,78/lb. Na última sexta, as cotações ainda superavam os 70 centavos.
As notícias vindas dos mandatórios para o uso de biocombustíveis nos Estados Unidos pelos próximos três anos, os quais vieram aquém do esperado, sinalizando uma demanda menor e pesando sobre o derivado. "Segundo a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA), não haverá crescimento para os próximos três anos no etanol e no biodiesel, biocombustíveis convencionais. O crescimento só deve acontecer para os biocombustíveis avançados, como biomassa e celulósico", explicou o time da Agrinvest Commodities.
"A frustração do mercado foi muito grande. Além disso, as montadoras de carros elétricos começarão a gerar créditos, concorrendo com as indústrias de biocombustíveis, um desincentivo ao aumento dos programas", complementa o time da Agrinvest.
O mercado também recebeu as informações de preços mais competitivos do óleo de girassol frente ao óleo de soja, o que ajudou a intensificar as baixas entre os futuros do produto na CBOT. A melhor oferta do óleo de girassol da Rússia e da Ucrânia provocou um desconto maior em relação ao óleo de soja e mesmo com a guerra - dos dois maiores fornecedores globais - prestes a completar 10 meses no dia 24 de dezembro.
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Apesar deste peso considerável sobre os futuros do óleo, o balanço semanal da soja em grão foi positivo, embora tímido. O contrato janeiro encerrou a semana com US$ 14,38 e alta de 0,14%, enquanto o maio foi a US$ 14,54, subindo 0,35%.
Um dos pilares de suporte aos preços da soja em grão é o clima na América do Sul. A Argentina tem tempo ainda muito seco e as previsões indicando a manutenção do padrão pelos próximos 15 dias, segundo os modelos climáticos atualizados. No Brasil, há boas chuvas chegando, com exceção do sul do país e os problemas ainda são localizados.
"O modelo GFS, atualizado na tarde desta sexta-feira, indica para o Brasil clima seco para o nordeste da BA, centro e leste do PI, nordeste do MA, extremo sul do RS. Leves acumulados para a maior parte do país, com chuvas moderadas no sul de MG" explica Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro.
Para o Paraguai, são esperadas chuvas leves, "indicados para Itapua, Caazapa, Alto Parana, Caaguazu, Canindeyu", ainda de acordo com a apuração do Grupo Labhoro.
O mercado espera por uma definição da safra 2022/23 da América do Sul e precisa que ela seja saudável para começar a recompor os estoques. E ainda anseia também pela nova safra dos Estados Unidos para dar continuidade a este movimento.
Também do lado da oferta, atenção ao novo ciclo do dólar soja na Argentina. A medida foi colocada em vigor na última segunda-feira (28) e vale até 31 de dezembro, com 230 pesos por 1 dólar. "Houve (nesta semana) um volume significativo de comercialização, mudando o foco da demanda mundial por soja", como detalha Sousa. Ainda assim, o ritmo inicial do mecanismo foi mais tímido do que o registrado na primeira rodada, em setembro.
Correndo no paralelo, o quadro do Covid na China também segue no radar dos traders. O relaxamento das medidas de controle continua, mas o aumento dos números de novos casos também.
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