Argentina: Fernadez e Kirchner se preparam para eleições em 2023 com inflação beirando 100% e menor consumo de carne bovina em 100 anos

Publicado em 26/10/2022 15:29 e atualizado em 27/10/2022 08:26
Leonardo Trevisan - Professor da ESPM São Paulo
Alberto Fernandez e Cristina Kirchner se elegeram prometendo volta do churrasco aos argentinos, porém, se preparam para as eleições presidenciais em 2023 sob inflação que deve chegar aos três dígitos até o final deste ano, 15 tipos de câmbio diferentes e falta de produtos básicos. A Argentina está em suspenso, mergulhada em profundas crises política e econômica.

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Argentina: Fernadez e Kirchner se preparam para eleições em 2023 com inflação beirando 100% e menor consumo de carne bovina em 100 anos

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A Argentina está mergulhada em crises econômicas e políticas sob o governo controverso de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner. A chapa prometeu churrasco aos argentinos, mas o país registra atualmente o menor consumo de carne bovina em 100 anos. Há falta de alimentos básicos, incerteza e tensão dentro da própria equipe do governo, sem falar de 15 diferentes tipos de câmbio, incluindo o da banda Coldplay e do dólar Catar, pro argentino que quiser acompanhar a Copa do Mundo 2022 in loco. 

"Ele (o argentino) vive uma crise, que é mais ou menos uma crise anunciada, e é uma crise da qual podemos dizer, até de uma forma triste, que eles estão acostumados. A crise é repetitiva, tem os mesmos perfis, só que cada vez mais agravadas. E a essência da crise da Argentina é cambial, a Argentina não tem dólares", explica o professor da ESPM, Leonardo Trevisan, em entrevista ao Notícias Agrícolas. "O estado argentino está em um quado pré-falimentar". 

Com todo esse quadro, que se agrava em uma velocidade rápida e intensa, a inflação do país tende a alcançar os três dígitos e superar 100% até dezembro, e "é neste contexto que o governo espera pelas eleições presidenciais do ano que vem", complementa o professor. Parafraseando o jornal britânico Financial Times, Trevisan reafirma que a Argentina está "em suspenso" e tudo o que esperam é aguardar a decisão eleitoral em maio do ano que vem, se possível, sem calote. 

"Esse é um cenário possível de ser sustentado quando as exportações têm preços bons, não com as perspectivas como as que estão para o ano que vem, que são perspectivas bem recessivas. O mundo todo espera por de mais recessão e com alguma crise de preços, em várias produtos, não só as commodities", complementa o professor. 

GALINHA DOS OVOS DE OURO ESTÁ SENDO ESTRANGULADA

Enquanto a crise se agrava, o agronegócio argentino - a galinha dos ovos de ouro da Argentina - continua sendo estrangulada pelo governo. O país já foi um dos maiores players do agronegócio global, tem o campo moderno, tecnificado, porém, sofre com os elevados impostos cobrados, principalmente, em suas exportações - que chegam a deixar para o governo federal até 60% do que se gera em cada hectare cultivado. 

"Maurício Macri (presidente argentino que antecedeu Alberto Fernandez) tinha um grau de confiabilidade entre os produtores argetinos que lhe permitia ir reduzindo gradativamente as retenciones. Por que se faz retenciones? Porque é preciso fazer alguma internacionalização, colocar no mercado interno o dólar que está saindo. Esse é o objetivo. Se é preciso fazer isso em um ritmo de que a dupla Fernandez e Kirchner estão fazendo é obrigada a fazer, é porque a confiabilidade é baixa", explica Leonardo Trevisan.

Todas essas medidas - inclusive a volta das taxações sobre as exportações aos níveis que se registravam antes de Macri assumir a Casa Rosada - trazem ainda mais insegurança aos produtores, além de inviabilizarem investimentos e o planejamento de novas safras e a continuidade de seus negócios. 

"Esse quadro todo bate em uma decisão política. A decisão econômica é sempre uma decisão política. E o grau político dessa decisão esbarra no padrão de confiabilidade. O governo argentino não tem o grau de confiança para que não precise fazer as retenciones, que tanto prejudicam o cenário econômico argentino (...) O mundo político argentino é um mundo de muita disputa, como todos. Mas no caso específico da Argentina há um desequilíbrio, porque há uma concentração de poder político no ex-partido peronista - chamem como quiser - em torno, essencialmente, da figura de Cristina Kirchner", diz. 

O professor explica ainda que é preciso haver um consenso entre líderes políticos que se alinhem para enfrentar o "Kirchnerismo" de modo politicamente viável para que a economia argentina, outrora muito pujante, tendo sido a segunda maior economia do mundo, volte, pelo menos, a respirar. 

A Argentina vem registrando seu menor consumo de carne bovina em 100 anos. "A carne é o sinal mais grave. O que mais preocupa são os índices de pobreza. A Argentina está, hoje, com 38% da sua população cruzando a linha da pobreza, está com 18% da sua população na pobreza absoluta". 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Carlos Roberto de Vargas Vacaria - RS

    Pois então esses governantes que estão eleitos na Argentina prometeram antes de se eleger churrasco para a população e olha no que deu como está o país economicamente quebrado e ainda taxam o agronegócio. E aqui no Brasil estão prometendo picanha para a população e querem taxar o agro em 30% e são da mesma esquerda. Pensem bem como vai ficar o nosso país, o exemplo é real em nosso vizinho. E ainda tem a Venezuela e outros países da América do Sul que estão na mesma situação. Agora uma coisa tenho pra dizer, os eleitores que pretendem votar nesse tipo de gente (com todo o respeito) são muito burros ou gostam de sofrer. Você que decide se quer ficar na miséria ou não.

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    • GERALDO JOSE DO AMARAL GENTILE Ibaiti, Parana, Brasil - PR

      O mesmo New York Times que trabalhando contra Trump, afirmava que o senil, desmiolado e incompetente do Biden era a "salvação" para os Estados Unidos. Os resultados de terem eleito (? foi realmente?) um decrépito e inoperante, está à vista do mundo, onde os EUA tem um governo paralisado, inflação e pobreza em alta. o exemplo não é nada positivo, ao contrário, um alerta para todos nós.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. CARLOS ROBERTO DE VARGAS não precisa pedir desculpas. Acho que o Sr. deve ter lido lá no inicio do FALA PRODUTOR...

      "Um espaço interativo criado para que você possa expressar opiniões, conversar com os outros internautas e debater os temas mais importantes do Agronegócio.

      É o Notícias Agrícolas dando voz ao produtor rural."

      Existem "pessoas" que adoram desumanizar "pessoas" ... É UM MÉTODO SOCIALISTA/COMUNISTA. QUE SE INFILTRA MAIS DOQUE A H1N1, PARA NÃO FALAR DO FAMIGERADO VÍRUS DO GENERO CORONA.

      NÃO SE PREOCUPE !!! OS PRÓXIMOS 4 ANOS VÃO PASSAR E, NÓS TEREMOS FORÇA SUFICIENTE PARA RESISTIR ESSE TEMPO E OS PÓXIMOS ANOS PARA CONSERTAR OS ESTRAGOS DESSA FACÇÃO !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      VEJA A FRASE: ...

      'Não há espaço para derrotados não aceitarem o resultado das urnas', diz Barroso.

      Esse é o iluminado que disse em um convescote no exterior. Este texto é parte do texto do artigo do link ... https://papini.jusbrasil.com.br/artigos/1460813706/para-o-ministro-barroso-jair-bolsonaro-e-o-inimigo-a-ser-combatido

      "Foi notícia ontem que no Congresso, realizado na Universidade de Harvard, em 11 de abril de 2022, chamado Brazil-Conference, o Ministro Barroso teria classificado o Presidente da República, eleito através de um sistema pré-estabelecido constitucionalmente, seria o inimigo a ser combatido.

      Citamos o colóquio do Ministro em questão com a parlamentar, Deputada Federal Tabata Amaral (1):

      Tábata Amaral (30s até 1min e 27s): "As eleições duram quarenta e cinco dias, eu queria ouvir o Ministro sobre isso. Como é que a gente vai fazer isso, nesse ano? Quarenta e cinco dias, fake news comendo solta, pra usar o português bem claro; eu não acho que a gente vai fazer isso sem uma responsabilização das plataformas (2). Eu quero ouvi-los (...) pra mim não é óbvio que a gente já derrotou Bolsonaro (...).

      Excelentíssimo Ministro Luís Roberto Barroso (1min e 30s até 1min e 50s): "(...) é preciso não supervalorizar o inimigo (...), nós somos muito poderosos, nós somos a democracia, nós somos os poderes do bem."

      (Na continuação do vídeo, o Ministro Lewandowski acusará o Presidente da República de genocídio em razão da pandemia de Covid-19, dando a entender que o mesmo, isto é, o Presidente da República, teria sido o responsável pelas mais de 600.000 mortes em razão da Pandemia de Covid-19).

      Focaremos este texto na fala do Exmo. Ministro Barroso.

      Em primeiro lugar, salientamos que é irrelevante, para o aspecto jurídico da questão posta em debate, se o leitor do texto gosta ou desgosta do atual Presidente da República, se pensa que ele é, ou não, um genocida.

      Os Ministros Barroso e Lewandowski têm, obviamente, o direito às suas preferências políticas, isto é da essência do ser humano. Agora, se pretendem atuar de forma político-partidária, pior ainda, de modo a fragilizar as instituições (3), deveriam considerar um mandato eletivo, isso é algo totalmente legítimo. Com efeito, não são poucos os magistrados que largaram suas togas para embrenharem-se na política."

      Quem quiser ler a íntegra está no link assinalado acima.

      ESTE É O PAÍS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ????

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      O PT É O PARTIDO QUE TEM A "MAIOR FORÇA" COM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE !!

      HOJE VOCÊS VÃO TER A OPORTUNIDADE DE VERIFICAR ... A B3 VAI PRO BREJO !!!

      QUEM VIVER VERÁ !!!

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    • Carlos Roberto de Vargas Vacaria - RS

      Bom dia a todos só para refletir.

      Como disse respeito a opinião de todos mas o povo do nordeste brasileiro não pensou bem antes de votar e tomara que eu possa estar enganado. Cada um com suas opiniões e tem certos atos que eu não concordo. Por exemplo, do presidente Bolsonaro o desmatamento desenfreado da Amazônia porque pode produzir mais sem desmatar, a não reposição do salário mínimo adequado e essa reforma da previdência que prejudicou os aposentados (aliás o baixo salário dos aposentados causa desemprego) e várias outras ações eu não sou a favor. Mas o fortalecimento do agronegócio com respeito ao meio ambiente é totalmente positivo. E com Bolsonaro com todos seus defeitos o Agro está fortalecido e tomara que continue. Porque o povo do nordeste dependem dos alimentos produzidos na região Sul e Centroeste para sobreviverem e dos caminhoneiros para transportarem essas mercadorias até eles. Aliás o mundo todo depende de um agronegócio fortalecido para segurança alimentar do planeta, e para quem não sabe tudo mas tudo mesmo o que precisamos e até o papel higiênico vem do campo.Por essas e outras teci comentários antes das eleições um pouco deselegante mas tinha fundamento. Mas é uma democracia e quem viver verá.

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    • ARLINDO ALBRECHT Campo Alegre de Goiás - GO

      SR Paulo Roberto Rensi Eu verifiquei e a B3 não estava no brejo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      A "sombra da besta do socialismo" ainda não se materializou ... CALMA QUE A MAROLINHA JÁ CHEGA !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Hoje é feriado !

      Vou dar um palpite aos leitores do FALA PRODUTOR

      FAÇA UMA PESQUISA NO GOOGLE DO TÍTULO

      FORO DE SÃO PAULO

      AÍ VOCÊS VÃO "ENXERGAR" QUAL É A INTENÇÃO DO PT !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Vou citar um fato relevante.

      Cuja fonte é: https://pt.wikipedia.org/wiki/Foro_de_S%C3%A3o_Paulo

      "Um dos temas centrais previstos para o encontro do Foro de São Paulo em Montevidéu (dias 22 a 25 de maio de 2008) foi a reivindicação de renegociação do tratado de criação da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo de esquerda, é membro do Foro de São Paulo e deseja aumentar a receita paraguaia proveniente da Usina de Itaipu, fixada no tratado de constituição da hidroeléctrica, de 1973".

      Gleisi Hoffman, quando eleita senadora pelo PT. Colocou em votação no senado brasileiro, para que o Tratado de Itaipu, assinado entre os governos do Paraguai e do Brasil em 1973, com vencimento em 2023; antecipando a mudança da forma de pagamento, indo de encontro com o "desejo" do companheiro Lugo.

      Conseguiu que o Brasil pagasse um valor bem maior pela energia. Lembro-me que um dos mais aguerridos, contrario a tal medida era o ex-presidente Itamar Franco, senador eleito por Minas Gerais, na época do embate. Mas, foi vencido pois, o PT exercia sua "hegemonia" no Congresso.

      "Hegemonia" que depois virou CASO DE POLÍCIA !!!

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