Café: Futuros do arábica intensificam baixas em NY e contratos mais longos fecham 4ª feira abaixo dos US$ 2,00/libra-peso
A quarta-feira (12) foi um dia bastante negativo para as commodities, em especial para as soft commodities negociadas na Bolsa de Nova York. Os futuros do café arábica cederam mais de 3% entre os principais contratos, refletindo uma combinação do feriado no Brasil - com os players do país fora do mercado internacional - exportações brasileiras melhores em setembro, e uma pressão bastante agressiva do mercado financeiro.
As posições mais negociadas perderam de 505 a 810 pontos, com o dezembro fechando o dia com 209,70 centavos de dólar por libra-peso e o maio/23 com 198,05 cents/lp. Assim, o mercado testou mínimas dos últimos meses e perdeu patamares importantes em Nova York.
O mercado sente a pressão de um movimento mais agressivo de aversão ao risco, com baixas em todas as commodities agrícolas nesta quarta. Além disso, devolve parte das baixas da sessão anterior, quando subiu apoiado nos baixos estoques na ICE e, naturalmente, na preocupação com a oferta global.
Os bons números das exportações brasileiras também estão sendo sentidos, como explica o analista de mercado e diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá. "O mercado está refletindo os ótimos números das exportações brasileiras divulgados pelo Cecafé. No acumulado de 12 meses foram 39,4 milhões de sacas, ou seja, a safra 22 colheu muito café", diz.
O diretor técnico do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Eduardo Heron, deu entrevista ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (11) destacando a alta de 4,5% em volume nas exportações brasileiras em setembro deste ano se comparadas ao mesmo mês de 2021. Em receita, o Brasil alcançou recorde com as exportações.
No entanto, o analista de mercado Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, explica ainda que é normal as exportações brasileiras aumentarem no início da safra e deverão continuar trazendo melhores números até dezembro. Do mesmo modo, podem cair um pouco mais nos meses seguintes, o que pode ajudar a trazer algum equilíbrio às cotações.
"Foi um bom número, mas isso já era esperado", diz. E mais do que isso, Carvalhaes pontua ainda o fato de haver uma maior demanda interna por conilon no Brasil - com as indústrias utilizando mais dessa variedade nos blends para o café tradicional - o que fez com que "sobrasse um pouco mais de arábica para ir para a exportação".
Ainda assim, apesar das agressivas perdas desta quarta-feira, o analista reforça que há sérios problemas globais de oferta adversidades climáticas importantes nos principais produtores - como a recente chuva de granizo que atingiu 13 mil hectares de arábica em Minas Gerais nesta semana - e o cenário fundamental ainda é positivo.
"Em termos de fundamentos, nada mudou. Mas há muitas variáveis agora no mercado", explica Eduardo Carvalhaes, citando, principalmente, aquelas ligadas ao macrocenário. Os temores de recessão global, os impactos sobre o consumo, a crise energética na Europa, o comportamento da demanda e, especificamente nesta quarta - feriado por aqui - a ausência dos players brasileiros no mercado.
Assim, o financeiro - incluindo uma nova alta do dólar index - exerceu um peso considerável sobre as commodities nesta quarta e as baixas no café se destacaram.
Para o produtor brasileiro, o dia foi de paraslisação nos negócios e observação da intensa movimentação do mercado internacional. Assim, atenção nesta quinta-feira (13) não só a retomada dos negócios em Nova York, mas também do mercado cambial no Brasil e no entendimento sobre como o dólar deverá impactar na formação dos preços para o produtor brasileiro.
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