Trigo sobe mais de 6% em Chicago somente nesta 2ª feira refletindo agravamento da guerra Rússia x Ucrânia
O mercado do trigo na Bolsa de Chicago encerrou o pregão desta segunda-feira (10) com altas de até 6,56% diante de uma severa escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os futuros do cereal voltaram a refletir os temores de uma oferta ainda mais ajustada já que os dois maiores players do mercado internacional estão há quase oito meses em um conflito sem qualquer possiblidade de acordo no horizonte e qualquer eventual avanço que tenha se dado para o comércio de grão de ambas as nações parece ter se desfeito depois dos últimos acontecimentos.
Assim, as altas entre as posições mais negociadas foram de 43,75 a 57,75 pontos, levando o dezembro a US$ 9,38 e o maio a US$ 9,56 por bushel. Comos ganhos deste início de semana, os preços alcançaram seus mais elevados patamares em três meses e respondem não só às preocupações com a oferta, mas também a força do consumo global.
"A explosão de uma ponte claro que não é uma coisa pequena, estamos falando de guerra, uma situação muito dramática e desumana, mas o que está se sobrepondo no mundo é a demanda. A demanda é muito mais forte do que a oferta, do que a produção, e este risco já estávamos alertando há bastante tempo, até porque a entrada do inverno no hemisfério norte não é pouca coisa, é bastante complicado. Para a logística, para os embarques, até mesmo para o plantio de inverno, ainda mais em um país em guerra, com as importações de sementes - onde a Rússia importa importa 75% de suas sementes e a Ucrânia também precisaria importar sementes e mais insumos - e tudo isso está trancado", explica Marcelo De Baco, analista de mercado e diretor da De Baco Corretora.
O especialista afirma ainda que o comprometimento do fluxo dos grãos nas regiões portuárias, dos embarques, deixa o mercado bastante nervosos, resultando em cotações como as observadas nesta primeira sessão da semana, sinalizando que o abastecimento mundial "está bastante complicado".
A explosão da única ponte que liga a Crimeia ao território russo durante o final de semana desencadeou uma série de ataques da Rússia de forma bastante ofensiva em diversas cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev. O governo de Vladimir Putin acusa a Ucrânia de ato terrorista sobre a explosão da ponte e fala em respostas ainda mais duras. os ataques russos deste início de semana foram considerados os mais agressivos desde os primeiros dias da guerra, iniciada há quase oito meses.
O G7 já convocou, inclusive, uma reunião de emergência depois da recente ofensiva liderada por Moscou. E frente aos últimos acontecimentos, analistas e consultores agora se questionam sobre o futuro do corredor de exportação de produtos agrícolas firmado entre a ONU (Organização das Nações Unidas) e cada um dos países e que está prestes a terminar.
"Não podemos descartar mais problemas de segurança alimentar se algum dos principais produtores mundiais tiver dificuldades de produção ou a situação na região do Mar Negro não melhorar", informou o Hightower Report desta segunda-feira. Entre os últimos ataques foi bombardeada também a cidade de Odessa, uma das principais portuárias da Ucrânia e que já teve seu porto fechado em função dos primeiros ataques.
Ainda nesta semana, o mercado está atento à logística norte-americana, com os baixos níveis do rio Mississippi e também aos novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta quarta-feira (12), onde poderia ser vista uma correção para baixo nos estoques globais de trigo, de acordo ainda com os analistas.
"As exportações da Ucrânia continuam a ser o foco das atenções do mercado”, disse Tobin Gorey, diretor de estratégia agrícola do Commonwealth Bank da Austrália. "Se o atual corredor de exportação permanecerá aberto depois do final de novembro (quando termina o acordo) ainda é uma questão de atenção".
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