Com dólar forte, brasileiro faz turismo interno e competitividade do país aumenta, diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil tem uma dinâmica de crescimento própria e não é necessário temer fatores externos, disse nesta segunda-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, argumentando que em momentos de força do dólar as pessoas fazem turismo dentro do Brasil e há uma ampliação da competitividade da indústria e do agronegócio.
Em meio a um ambiente externo adverso, com efeitos da guerra na Ucrânia e economias avançadas aumentando juros para controlar a inflação, Guedes afirmou que o Brasil é uma economia continental e traçou cenário positivo para o país.
"Eles falam, bom, 'se tiver uma recessão lá (no exterior), o preço do produto agrícola cair, vai ser terrível, vai acabar com Brasil'. Não vai acabar nada. O dólar um pouco mais forte, como está agora, as pessoas fazem turismo interno, a competitividade da nossa indústria aumenta, a competitividade do agro melhora", disse em palestra na Federação das Indústrias do Estado da Bahia, em Salvador.
A moeda norte-americana registrava valorização expressiva nesta segunda-feira, diante de temores para a economia global, e superou a barreira de 5,40 reais ao saltar 3,2%.
O ministro voltou a dizer que o país está condenado a crescer por causa da aprovação de reformas, com elevação do fluxo de investimentos privados para os próximos anos. Para ele, o país pode crescer até 4% anualmente "se for um governo que já sabe trabalhar".
"Não se assustem com o vento lá de fora. É um cavalo forte e o rabo balança de vez em quando. O setor externo é o rabo, aquilo balança, o dólar vai para cima, o dólar vai para baixo, para ajustar, mas a economia, a dinâmica de crescimento brasileira é da poupança interna, é da inovação, é da tecnologia", disse.
O ministro afirmou que quando o dólar estava baixo no país as pessoas não iam a Fortaleza ou Salvador, mas direto para a Disney. Segundo ele, nos períodos em que a moeda norte-americana estava "sobrevalorizada" e "fora do lugar", os brasileiros ricos viajavam aos Estados Unidos e levavam cinco ou seis funcionários, "mas não era para se divertir, não, fica tomando conta das crianças".
Ponderando ter sido criticado no passado ao abordar o tema (quando mencionou que empregadas domésticas estavam indo à Disney em um momento de dólar desvalorizado), Guedes usou como exemplo os norte-americanos, que, segundo ele, primeiro conhecem atrações de seu país para depois fazerem turismo no exterior.
(Por Bernardo Caram)
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