À espera do Fed, Ibovespa avança mais de 2% com Meirelles no radar
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em forte alta nesta segunda-feira, revertendo a fraqueza da abertura e com ações de educação capitaneando os ganhos, enquanto agentes financeiros se preparam para uma série de reuniões de política monetária no mundo nesta semana, incluindo decisões nos Estados Unidos e Brasil.
Investidores também repercutiram o apoio do ex-ministro Henrique Meirelles e outros ex-candidatos à Presidência a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera a corrida presidencial contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,33%, a 111.823,89 pontos. Mais cedo, no pior momento, caiu a 108.507,76 pontos. O volume financeiro da sessão somou 24,78 bilhões de reais.
Para o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a bolsa reagiu em parte a expectativas de uma política pró-mercado de Lula, uma vez que Meirelles "foi peça importante no governo Lula, um dos principais responsáveis pela política econômica que propiciou crescimento num cenário favorável ao país".
Esse tipo de movimento, na visão dele, ajuda a afastar a ideia de um eventual governo de Lula mais próximo ao último mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, também do PT, de pouca preocupação com o fiscal e resultados econômicos ruins.
Meirelles, também ex-presidente do BC nos dois mandatos de Lula, disse nesta segunda-feira não ter sido sondado para voltar ao governo em caso de vitória do petista nas eleições, mas deixou a porta aberta ao ressaltar terem excelentes relações.
Chinchila também destacou como fator positivo as novas revisões nas projeções de crescimento do PIB brasileiro para 2022, "alavancando os setores cíclicos da bolsa". Na pesquisa Focus divulgada pela manhã, a previsão para a expansão da economia neste ano passou de 2,39% para 2,65%.
"Parece que o mercado está olhando o copo um pouco mais cheio", acrescentou Felipe Castro, especialista em renda variável da Blue3, ponderando que indicadores econômicos e a agenda político-econômica podem trazer um pouco mais de volatilidade aos preços do mercado.
Um dos temas da semana é a decisão de juros do Federal Reserve, na quarta-feira. A expectativa majoritária é de uma alta de 0,75 ponto percentual, mas há apostas de um aperto mais forte. Além da decisão em si, agentes buscarão sinais sobre os próximos passos do BC norte-americano.
Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,69%.
Também no dia 21, o Banco Central brasileiro decide sobre e a Selic, com a maioria dos economistas em pesquisa Reuters esperando manutenção dos atuais 13,75% ao ano.
DESTAQUES
- YDUQS ON disparou 14,1%, a 12,30 reais, reagindo após tocar mínima intradia desde junho de 2016 nos primeiros negócios. No setor, COGNA ON saltou 9,77%. Para o analista do Morgan Stanley Javier Cerdan, o setor está barato e há possíveis catalisadores para os papéis após a eleição, como novas alternativas de financiamento público, caso Lula vença. O ex-presidente vem sinalizando que tomará medidas para fortalecer a educação. Pela manhã, no Twitter, afirmou que seu governo "irá fomentar as universidades brasileiras".
- B3 ON avançou 6,79%, a 13,22 reais, encerrando uma série de quatro pregões seguidos de baixa, período em que acumulou perda de 6,50%. Na mínima, mais cedo, chegou a ampliar essa perda a cerca de 9% antes de mudar de sinal.
- GERDAU PN subiu 5,74%, a 24,31 reais, com ações de siderúrgicas entre as maiores altas do Ibovespa. USIMINAS PNA fechou com elevação de 5,23% e CSN ON encerrou com acréscimo de 4,05%. Na terça-feira, o Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda) divulga à imprensa dados de agosto sobre vendas, compras e estoques de aços planos, entre outros dados. VALE ON subiu 3,24%.
- POSITIVO ON caiu 1,59%, a 13,00 reais, revertendo a alta do começo do dia, num movimento de realização de lucros, após forte avanço na semana passada, de 12,8%.
- ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 3,75%, a 27,68 reais, tocando máxima intradia desde janeiro de 2020, a 27,80 reais. BRADESCO PN avançou 2,57%, a 19,53 reais.
- PETROBRAS PN avançou 1,59%, a 31,27 reais, conforme os preços do petróleo fecharam no azul após sessão volátil, uma vez que as preocupações com a oferta apertada superaram os temores de que a demanda global possa desacelerar devido a um dólar forte e possíveis grandes aumentos nas taxas de juros.
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