Ibovespa fecha em queda e perde quase 3% na semana com Fed no radar

Publicado em 16/09/2022 17:13 e atualizado em 16/09/2022 18:07

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda pelo quarto pregão seguido nesta sexta-feira, ainda pressionado pelas preocupações com os próximos passos do banco central dos Estados Unidos e seus reflexos na economia norte-americana.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,61%, a 109.280,37 pontos, acumulando um declínio de 2,69% na semana. A sexta-feira também foi marcada pelo vencimento dos contratos de opções sobre ações.

Na segunda-feira, o Ibovespa chegou flertar com os 114 mil pontos, mas o 'momentum' perderia fôlego no dia seguinte, quando foram divulgados dados de preços ao consumidor norte-americano (CPI) mais fortes do que as expectativas.

A notícia provocou uma correção de baixa nas principais bolsas globais, uma vez que não apenas reforçou a expectativa de o Federal Reserve manter um ritmo forte de aperto monetário, como estimulou apostas de um movimento ainda mais agressivo.

"O mercado está apreensivo" afirmou César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

"A dúvida é em que nível o Fed vai parar os juros, se 4%, 4,5% ou 5%, o que o mercado fez foi colocar no preço que esse juro vai até pelo menos próximo do patamar de 4,5%", afirmou, prevendo que a volatilidade continuará nos próximos dias.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou a sexta-feira em baixa de 0,72%, com os negócios também marcados pelos vencimentos de opções sobre ações e índices e dos futuros de ações e índices.

O Fed reúne-se na próxima semana para decidir sobre o juro, e a expectativa majoritária é de uma alta de 0,75 ponto percentual, embora o CPI tenham alimentado apostas de uma elevação de 1 ponto. A decisão será conhecida na quarta-feira.

No Brasil, o Banco Central (BC) também anuncia a sua definição para a Selic no dia 21. A maioria dos economistas consultados em pesquisa Reuters prevê manutenção dos 13,75%, na primeira pausa no ciclo de altas que teve início no começo de 2021.

"Acreditamos que o cenário de inflação para o horizonte relevante da política monetária melhorou marginalmente, e que, portanto, o comitê deve indicar a interrupção do processo de aperto monetário", afirmou o Itaú Unibanco.

"Olhando mais à frente, seguimos esperando queda da taxa Selic apenas no segundo semestre de 2023, para 11,00% ao ano até dezembro", acrescentou a equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú comandada pelo ex-BC Mário Mesquita.

Eles ressaltaram, no entanto, que a intensidade e data de início de um eventual ciclo de cortes estarão particularmente condicionadas a sinalizações sobre o rumo das contas públicas.

DESTAQUES

- NATURA&CO ON despencou 10,47%, a 14,96 reais, após a fabricante de cosméticos afirmar que não conduz qualquer estudo para uma possível cisão da unidade Aesop ou venda da The Body Shop, na esteira de especulações recentes de reestruturação que poderia desencadear tais mudanças. Analistas do JPMorgan afirmaram que alguns investidores aguardavam o anúncio de uma potencial venda/cisão de ativos esta semana.

- COGNA ON caiu 9,22%, a 2,56 reais, em sessão de ajustes, mais do que revertendo a alta de 4,1% acumulada na semana até a véspera. No setor de educação, YDUQS ON perdeu 5,52%.

- BB SEGURIDADE ON valorizou-se 4,02%, a 29,47 reais, ampliando a alta da quinta-feira e revertendo a perda da semana. Na véspera, analistas do Citi revisaram projeções para a companhia e elevaram o preço-alvo de 28 para 33 reais, reiterando recomendação de 'compra'.

- MAGAZINE LUIZA ON subiu 2,76%, a 4,46 reais, experimentando uma trégua após três quedas seguidas, período em que acumulou declínio de mais de 9%. No setor, AMERICANAS ON avançou 2,42% e VIA ON ganhou 0,64%.

- VALE ON fechou com variação negativa de 0,15%, a 68,25 reais, tendo de pano de fundo declínio nos preços dos contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian, na China, e Cingapura, após dados mostraram que o setor imobiliário chinês contraiu ainda mais em agosto.

- PETROBRAS PN caiu 0,9%, a 30,78 reais, apesar do sinal positivo dos preços do petróleo no exterior. No radar, estavam notícias de que o presidente-executivo da companhia, Caio Paes de Andrade, foi diagnosticado com câncer.

- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,34%, a 26,68 reais, enquanto BRADESCO PN recuou 1,14%, a 19,04 reais.

- NUBANK BDR caiu 4,2%, a 4,56 reais, após decisão do Nubank Holdings de descontinuar seu programa de BDRs Nível III na B3, concentrando a negociação de seus papéis na Bolsa de Nova York. Para analistas do Itaú BBA, o anúncio é negativo para acionistas minoritários. Em Nova York, o Nubank perdeu 4,2%, a 5,28 dólares.

 

(Edição de André Romani)

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Fonte:
Reuters

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