Dólar ajusta para baixo após salto dos últimos dias

Publicado em 02/09/2022 17:10

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mantinha firme queda ante o real nesta sexta-feira, o que deixava o real entre as moedas de melhor desempenho global na sessão, com investidores embolsando lucros após um relatório de empregos misto nos Estados Unidos e antes de um fim de semana prolongado sem a referência dos mercados norte-americanos.

"Como teve uma redução na probabilidade de alta mais forte dos juros nos EUA o mercado reagiu vendendo dólar global", disse Rafael Gaspar, gestor macro da WHG, referindo-se à menor precificação de alta de 0,75 ponto percentual nos juros para a próxima reunião do banco central dos EUA, em 20 e 21 de setembro.

O ajuste de baixa no dólar vinha depois de três dias seguidos de alta na cotação, período em que acumulou valorização de 4,09%, a mais forte nessa base de comparação desde meados de junho. Entre pares mais próximos, o real foi a moeda que mais perdeu valor nesse intervalo, o que justificaria o alívio mais intenso desta sessão.

Às 16:40 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,97%, a 5,1876 reais na venda. Na mínima, desceu a 5,1583 reais, queda de 1,53%, depois de na máxima alcançar 5,2428 reais (+0,08%).

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,05%, a 5,2245 reais.

Mais cedo, o dólar havia caído em consonância com a fraqueza da moeda no exterior, após o aumento da taxa de desemprego nos EUA em agosto e alguma desaceleração no ritmo de aumento dos salários por lá gerarem esperanças de desinflação à frente --o que por sua vez diminuiria a pressão para o banco central dos EUA novamente recorrer a uma superalta de 0,75 ponto nos juros.

Taxas mais elevadas nos EUA aumentam o apelo dos títulos de dívida soberana norte-americana, considerados os mais seguros do mundo, e investimentos nessa classe de ativos exigem conversão de capital em dólar, o que valoriza a moeda.

Depois de um recuo inicial, o dólar lá fora recuperou terreno, enquanto os mercados em Wall Street passaram a cair [.NPT]. No Brasil, porém, a moeda desacelerou as perdas apenas para depois novamente intensificá-las.

Para estrategistas do Barclays, o cenário de juros nos EUA entre 3,75% e 4% ao fim do ano está nos preços de mercado e uma repetição no curto prazo de um tom mais duro por parte do Fed não deveria, em tese, dar mais apoio ao dólar. De um ponto de vista estrutural, isso favoreceria a moeda brasileira, que carrega a maior taxa de juros nominal entre as economias emergentes mais líquidas.

"A estabilidade nas expectativas para o Fed pode ser construtiva para moedas de alto 'carry' (retorno), que têm superado os pares", disseram profissionais do banco estrangeiro em relatório. "Preferimos moedas de alta qualidade, como peso mexicano e real brasileiro, que possuem poucas vulnerabilidades externas", completaram.

O retorno de contratos a termo de real para seis meses segue acima do percebido em derivativos semelhantes para moedas de outros países, como México e Chile, apesar da crença de que o Banco Central encerrou o ciclo de elevação dos juros.

A percepção de que a economia brasileira tem se mostrado mais forte do que o esperado também favorece o real. O Bradesco elevou a estimativa para o crescimento do PIB em 2022 para 2,7%, de 2,3%, e passou a ver expansão também em 2023 (de 0,5%), ante estabilidade.

Para a taxa de câmbio, o banco manteve prognóstico de 5,25 reais ao fim deste e do próximo ano. "Vale destacar o bom fluxo de investimento estrangeiro direto ao longo do ano, mais do que compensando um possível déficit maior em conta corrente. Nesse sentido, o câmbio tem mantido relativa estabilidade, mesmo em meio à volatilidade internacional", disse o banco em relatório.

(Por José de Castro)

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Fonte:
Reuters

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