Seca ao redor do mundo, mudanças climáticas e as previsões no Brasil para setembro e outubro, no início da Safra 22/23
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
Confira aqui todas as edições do Conexão Campo Cidade
Nesta semana, o Conexão Campo Cidade contou com a presença de dois convidados: Carlos Brando, presidente do conselho dos Museu do Café de Santos e da Imigração em São Paulo, e Francisco de Assis Diniz, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Dessa forma, esta edição abordou o clima para o início da safra 22/23, a elevação de temperatura em todo o planeta e a influência do La Niña no clima brasileiro. E, em seguida, os participantes ainda discutiram a importância histórica e turística que o Museu do Café, situado em Santos, tem para o Brasil. Confira o que foi destaque no programa:
Instabilidade climática nos últimos 20 anos
O primeiro ponto destacado pelo representante do Inmet foi a instabilidade climática no planeta, que tem ocorrido há cerca de 20 anos, provocando períodos muitos chuvosos ou de estiagem prolongada em locais onde não se havia seca.
Com isso, tem-se observado verões mais quentes em ambos os hemisférios, tanto que, assim como tem sido registradas ondas de calor nos Estados Unidos, Europa e China, o mesmo ocorreu no início do ano no Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai, com temperaturas que chegaram até mesmo a 42°C.
Essa variabilidade climática, com explicou Diniz, acontece por conta do aquecimento que a Terra tem passado há mais de 30 anos. Entretanto, segundo ele, é difícil precisar se essa mudança climática é algo cíclico, ou seja, que está acontecendo por um período e depois irá se normalizar, ou se é algo contínuo.
O meteorologista ressalta que as medições reais de temperatura do planeta acontecem há 180 anos, o que em termos históricos é um período curto. Por esse motivo, não é possível dizer se o aquecimento é uma fase ou algo permanente. O que se sabe com mais certeza é de que por pelo menos 20 anos as condições de alta temperatura devem continuar.
Influência do La Niña no território Brasileiro para início do plantio
O fenômeno La Niña, que provoca uma redução das chuvas no Sul do Brasil e aumento no Norte, segue bastante ativo e deve persistir de maneira moderada pelo menos até o final da primavera, que acontece em dezembro. Consequentemente, essa situação é ruim para parte mais ao sul do territério brasileiro, Argentina e Paraguai.
Diniz explica que existe uma inversão climática no regime de chuvas a cada 90 dias, aproximadamente. Dessa maneira, devem acontecer chuvas na região Sul do Brasil durante os meses de setembro e outubro. Porém, parecido com o que ocorreu no último ano, essa situação vai mudar e haverá alta irregularidade das chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná nos meses de novembro e dezembro.
Na região do Matopiba, também devido à influência do La Niña, a situação é inversa. Por mais um ano as condições climáticas serão favoráveis para os produtores, com início do período chuvoso no mês de outubro, prosseguindo com boas condições de chuva em novembro e dezembro. Nessa parte do país as chuvas estarão dentro da climatologia ou até mesmo acima do normal.
Medidas para se precaver contra a estiagem
Diante desse panorama de instabilidade climática, Marcelo Prado e Robertos Rodrigues destacaram que é fundamental o produtor estar precavido com as possíveis estiagens. Isso começa já com a escolha da variedade de semente que será plantada, buscando, sobretudo na região Sul, aquelas que sejam mais resistentes à seca.
Marcelo Prado reforçou que a instabilidade climática que deve se prolongas pelos próximos anos vai exigir dos empresários rurais uma atenção para novas técnicas, novas variedades mais resistentes, manejos que ajudem a planta a resistir a seca. Se não houver tecnologias para enfrentar os problemas climáticos, o setor sempre irá sofrer com isso, acarretando em prejuízos e perdas no meio rural.
Atenção às previsões de 15 dias
Por fim, ainda sobre o clima para a safra, Francisco de Assis afirma que nas previsões mais prolongadas podem acontecer mudanças. É algo instável. Por esse motivo, o produto precisa estar atento às previsões de médio prado, que correspondem a um período de 15 dias, pois elas são mais assertivas.
Portanto, é fundamental que os produtores acompanhem as previsões de curto e médio prazo, para que não tenham imprevistos em sua lavoura. Se ele conseguir se manter informado sobre o que deve acontecer nos 15 dias seguintes, não deve ser pego de surpresa pelas instabilidades do clima, ou pelo menos mitigar esse risco.
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