Os pilares ESG aliados com a paixão em produzir, que transforaram a vida de uma família com o café especial
Sustentabilidade, café especial, família ou paixão em produzir, qualquer uma dessas características traduzem na prática a história da família Urtado, responsável pela Fazenda Três Meninas, localizada em Monte Carmelo, no Cerrado Mineiro e que ganhou destaque na mídia especializada, na grande mídia e foi um dos grandes finalistas da segunda premiação da Melhor História de um Agricultor do Notícias Agrícolas.
Diferente de muitos outros produtores em que a internet foi forte fonte de conexão, o primeiro encontro com a história da Fazenda Três Meninas aconteceu pessoalmente, no mês de junho, durante uma semana de trabalho para desbravar e conhecer mais da potência em produzir do Cerrado Mineiro, que inclusive está em festa em 2022, completando 50 anos de uma cafeicultura inteligente, sustentável e de muito peso para a cafeicultura nacional.
Entre tantas particularidades encontradas no Cerrado Mineiro, a história da Fazenda Três Meninas se destaca em dois pontos: é uma cafeicultura jovem, de 16 anos, mas que já conta com três gerações buscando além do café especial, mas também trabalhar de uma forma sustentável, rentável e mais do que preço, ensine valores para Fefê e Malu, de 8 e 12 anos, que acompanham de perto o trabalho dos pais.
Traçando uma linha do tempo nesta história, vale contar que Paula e Marcelo se conheceram ainda na faculdade, ela zootecnista e ele engenheiro agrônomo. Foi nos corredores da universidade que além da vontade em trabalhar com o agronegócio, nasceu também a paixão pela cafeicultura literalmente indo do campo à xícara.
"Minha história do café vem do amor e da paixão desde o começo. Eu não gostava de tomar café porque foi através desse encontro que me entrosei nessa atividade. Eu não gostava de tomar café, só gostava do cheiro, mas quando tomava não curtia nem com açúcar, até que eu provei o café especial e eu soube então que café não era tudo igual e foi só alegria. Aí a gente casou, juntamos nossos cd's, nossos cachorros e lá fomos nós trabalhar na fazenda do pai dele", relembra a produtora.
Nos anos 2000 o casal trabalhou por três safras nessa fazenda também no Cerrado Mineiro, já promovendo certas mudanças na forma de trabalho, desde a colheita até mesmo aos problemas trabalhistas que antes existiam por lá. Foi vendo o trabalho na prática que o casal mudou a rotina da fazenda e principalmente a vida dos trabalhadores que estavam inseridos naquela rotina. "Eu fui com aquele meu olhar, sempre muito idealizadora e fui fazendo", comenta.
Conquistando o próprio cafezal
Depois de três safras, o casal retornou para São Paulo, mas em 2016 foi quando a história da Fazenda Três Meninas de fato começou. "Mas dessa vez muito bem acompanhados com as nossas filhas no começo. E então foi bem mais intenso, participando da compra do processo de compra da área, da gestão, comunicação da fazenda. Foi muita coisa e um passo de cada vez", comenta.
Para Marcelo, além de fazer um café de alta qualidade - características intrínsecas do Cerrado Mineiro, era importante também trabalhar com sustentabilidade em todas pontas da fazenda.
Na região que também carrega na sua marca o empreendedorismo, tecnologia aplicada, o produtor tinha a vontade de fazer a diferença com uma produção responsável, impactando positivamente o meio ambiente e o social. Foi a partir dessas práticas que a história da Fazenda Três Meninas passou a se tornar referência para outros produtores e ganhar destaque na mídia nacional.
A busca pela sustentabilidade
A propriedade hoje colhe bons frutos, mas o casal relembra que a realidade era outra lá em 2016. O maior desafio foi a transição do modelo de produção, antes praticamente extrativista, para chegar até a cafeicultura conservativa e que seja climaticamente inteligente, equilibrada e resiliente.
Além dos trabalhos no campo, todas as decisões são tomadas em conjunto por Marcelo e Paula, deixando evidente também a igualdade de gênero. "A gestão foi desenvolvida e aplicada visando a sustentabilidade econômica, ambiental e social. Mas o manejo aplicado na fazenda impacta diretamente a sustentabilidade ambiental e social, atendendo o propósito de se produzir café de forma responsável impactando positivamente o meio ambiente e o social. A gestão é feita de modo que todas as ações e projetos sejam integrados e não itens isolados com efeitos pontuais", afirma.
Paula relembra ainda que a sustentabilidade, no entanto, não foi conquistada nos primeiros anos de trabalho. "Sempre fomos transparentes, honestos, a gente sabia que a gente não era sustentável no primeiro e segundo ano só porque a gente fazia ruas verdes entre os cafés, mas a gente estava no processo com objetivos bem definidos. A gente fez muitos ajustes no processo até porque tinha pouco registro, a gente foi pioneiro mesmo em fazer, agora tem uma luz maior, mas lá trás a gente abriu isso no peito e tem dado certo e hoje sim, hoje a gente diz que somos sustentáveis, com saúde financeira, ambiental e social, estão alinhadas”, lembra.
E o que a Fazenda Três Meninas tem de mais especial?
As metas alcançadas trazem a sensação de um trajetória sendo bem trilhada para o casal, mas o que a Fazenda Três Meninas tem de mais especial? A presença das filhas, Fefê e Malu que acompanham e gostam de ver de perto o trabalho realizada pela base familiar.
"E aonde entram as meninas nessa história? Em tudo, mas de forma natural também. Elas estão no nome da fazenda para lembrar nosso maior sentido, para homenagear as mulheres dessa família. Para você ver que essa coisa de presença e união da mulherada em casa é na prática, não é só discurso", comenta.
As meninas participam indiretamente de toda a gestão da cafeicultura. Paula e Marcelo conta que elas acabam participando em um almoço em família, no café da tarde, os comentários de alguma decisão, os desafios e as conquistas que o café vem trazendo para a família.
"Elas estão junto com a gente, elas escutam sobre nosso trabalho. Elas sentem nossa realização, conseguem sentir essa relização que temos com a fazenda. Não sei se elas vão querer um dia seguir na cafeicultura, isso elas vão escolher, seria incrível, mas espero que vendo de perto, vendo o propósito na prática, espero que elas sejam pessoas melhores nesse mundo. Elas são melhores que nós, mas com o jeitinho delas", comentam.
Mas e as meninas? O que mais gostam de fazer na fazenda? Já que boas ações se aprendem na prática, Fefê, a caçula da família contou via mensagem de voz que o que ela mais gosta na fazenda é de plantar árvore, cheirar o café e de "fazer muitas coisas". Já a Malu, adora a visita no terreiro para andar de patins, brincar no balanço e fazer até guerrinha de mamona entre as ruas do cafezal.
E como é o café da Fazenda Três Meninas?
Na reta final do nosso bate-papo, Paula relembra emocionada que a produção de café precisava dar certo, era ali, naquele espaço com 1050 metros de altitude que estavam sendo depositados todos os sonhos da família.
"Não foi uma herança, como é comum em muitos casos da agricultura. A cada conquista tem para nós um sabor frutado, achocolatado, caramelizado, é muito especial para nós", acrescenta com as características da bebida que ofericida pela família, proveniente de uma cafeicultura que chama atenção, com a variedade Topazio, com secagem ao sol e sem despolpamento para manter os atributos do grão.
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