Fundamentos voltam a impulsionar soja em Chicago com perdas de qualidade das lavouras nos EUA e crise do farelo na Argentina
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Fundamentos voltam a impulsionar soja em Chicago com perdas de qualidade das lavouras nos EUA e crise do farelo na Argentina
O mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou o pregão desta terça-feira (26) com altas de 37 a 59,75 pontos nos contratos mais negociados, estendo o movimento de avanço registrado já na sessão anterior. Assim, o agosto voltou a superar os US$ 15,00 e encerrou os negócios com US$ 15,32 por bushel, enquanto o novembro - que é a posição mais negociada agora - fechou com US$ 13,83.
Novamente, o estímulo para o grão veio do farelo. Os futuros do derivado concluíram a sessão desta terça com altas de até 5,56%, como foi o caso do agosto/22, que foi a US$ 472,40 por tonelada curta. O contrato dezembro/22, o mais negociado agora, fechou com US$ 417,80 e alta de 4,69%. Ainda no complexo soja, o óleo também fechou em campo positivo na CBOT.
O mercado do farelo segue refletindo preocupações graves com a Argentina. Diante de um cenário econômico muito ruim, além de incerto e completamente fragilizado, com sua moeda agressivamente desvalorizada, os sojicultores seguem reticentes na venda, segurando o que podem de soja para garantir alguma renda.
"A soja é essa riqueza que o governo, desesperado por dólares, vem tentando convencer o produtor a vender. A inflação está em 90% e o blue está 150% acima da taxa de câmbio oficial. O governo fala em criar uma terceira taxa de câmbio, uma intermediaria. A esperança é que o produtor venda sua soja que será transformada em farelo e óleo para exportação", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
Nessa toada, o esmagamento argentino já acumula uma redução de cerca de 10% em relação a 2021. Ainda segundo Vanin, a safra argentina está 48% vendida - pouco mais de 20 milhões de toneladas - registrando um dos mais lentos ritmos de venda da história do país. "Para pagar suas contas o produtor argentino está vendendo milho, mantendo os prêmios baixos lá e aqui também", complementa.
E não é só a Argentina que preocupa quando o assunto é o farelo. A Agrinvest informa também que há problemas logísticos para a entrega do farelo de soja bem como a possiblidade de uma redução no esmagamento também na Europa - maior importador global do subproduto -, o que poderá ocasionar um volume menor de soja sendo importada, porém, maior necessidade de compras de produto pronto.
CLIMA NOS EUA
Ao lado das questões relacionadas ao farelo, entre os fundamentos o clima no Meio-Oeste americano continua como foco central das atenções e preocupa para algumas regiões."Não estamos observando um clima muito ruim para os EUA, porém, quando olhamos para o norte do cinturão - pegando importantes estados como Iowa, Minnesota, Wisconsin, Dakotas, vemos que as previsões de chuvas para os próximos 15 dias são quase nulas, enquanto existem chuvas bem melhores mais ao sul", explica o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, que chama a atenção do cenário, principalmente, para o milho neste momento.
Mais do que isso, Palavro destaca ainda a volta das altas temperaturas - depois de dias mais amenos - a partir de, aproximadamente, 5 de agosto, o que também exige monitoramento. "O mercado começa a olhar as previsões de médio prazo e isso ajuda a dar suporte aos preços".
MERCADO FINANCEIRO
"Precisamos monitorar com bastante atenção", diz o analista e diretor da Pátria ao referir-se sobre a nova rodada de dados sobre a economia norte-americana que serão reportados a partir desta quarta-feira (27), entre eles a definição da nova taxa de juros americana pelo Federal Reserve e, na sequência, o PIB dos EUA para o segundo trimestre do ano, para o qual se espera uma nova retração, podendo indicar uma recessão técnica.
Afinal, nas últimas semanas, foi o financeiro arisco com tantas adversidades e riscos a frente que foi o principal motivo de pressão sobre todas as commodities agrícolas, metálicas e energéticas. Todavia, apesar de toda a expectativa, o analista explica ainda que em um quadro de recessão e crise mais agressiva, a demanda por commodities agrícolas deve ser a última a ser cortada em uma necessidade de menor consumo.
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