Crescimento acima do esperado no Brasil foi em grande parte transitório, diz diretor do BC
O recente crescimento econômico acima do esperado no Brasil foi, em grande parte, transitório, disse nesta segunda-feira o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, citando componentes conjunturais que impulsionaram os resultados.
Em evento do Credit Suisse sobre desafios da política monetária, Guillen afirmou que a atividade no primeiro semestre foi influenciada por medidas fiscais transitórias, como antecipação de 13º a aposentados e pagamento de abono salarial, normalização dos setores no pós-pandemia, aumento do consumo de serviços e redução da poupança que havia sido acumulada pelas famílias ao longo da crise sanitária.
"Sobre atividade econômica, (houve) um crescimento acima do esperado, em grande parte transitório", disse.
No evento, Guillen também afirmou que a estratégia apresentada pelo BC para levar a inflação para em torno da meta passa por uma Selic terminal mais alta que a expectativa de mercado e um tempo mais prolongado de política monetária significativamente contracionista.
De acordo com o diretor, mesmo com o plano de manter os juros parados em nível alto por um período longo, o BC não perderá esse instrumento da política monetária.
"O BC continua tendo o instrumento (de juros), vamos avaliar no futuro qual será o melhor uso", afirmou, após ser questionado sobre como a autoridade monetária atuaria em um cenário de incertezas elevadas e sem a possibilidade de movimentar a taxa Selic.
Guillen disse que, com a defasagem da política monetária, a estratégia de manter o juro estável por mais tempo impactará mais as projeções de inflação de 2024 do que as de 2023. Ele ressaltou que a atuação do BC ainda está focada no ano que vem e deve incorporar 2024 em menor magnitude a partir de agosto.
Ao afirmar que a inflação em 12 meses segue rodando em níveis altos, incompatíveis com o atingimento da meta, ele ressaltou que o comportamento dos preços de serviços, que estão em alta, tem sido o mais enfatizado pelo BC.
Segundo o diretor, o entendimento do BC é que não houve mudança no parâmetro de inércia da inflação. Ele explicou que esse indicador tem sido impactado por choques persistentes e pelo fato de a inflação estar mais alta em componentes que possuem mais inércia.
Em relação à política de câmbio, Guillen afirmou que, se o BC identificar volatilidade excessiva, redução de liquidez e disfuncionalidades, o componente merecerá intervenção. No entanto, segundo ele, isso não ocorrerá se o câmbio apenas refletir mudanças de fundamentos da economia.
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