Fundos vendendo trigo e comprando soja, dólar em queda e valorização do farelo deram tom positivo para a soja em Chicago
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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Em uma sessão técnica e sem grande novidade no cenário fundamental, os futuros da soja fecharam a sexta-feira (20) em alta na Bolsa de Chicago. Os preços subiram de 11,25 a 14,75 pontos nos principais contratos, com o julho sendo cotado a US$ 17,05 e o agosto com US$ 16,41 por bushel.
Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, parte das altas se dá por um ajuste de posições, com os fundos vendendo no trigo e olhando para a soja na CBOT. Neste pregão, as perdas no cereal variaram entre 26,25 e 31,50 pontos nos principais contratos, com o setembro voltando aos US$ 11,74 e o dezembro a US$ 11,79 por bushel.
Do mesmo modo, a baixa do dólar frente ao real também ajuda no avanço dos futuros da oleaginosa no mercado norte-americano. "E com o dólar em queda, aqui no Brasil ninguém quer vender", explica. "Hoje é um dia muito técnico, e não de fundamentos básicos, não temos aqueles fatores que dariam força para os preços", complementa o consultor.
Os traders parecem usar o último pregão da semana para tomar um fôlego e redefinir as rotas do mercado. De um lado, os fundamentos ainda positivos seguem dando suporte aos preços, se dividindo entre o clima no Corn Belt, os estoques ainda apertados e a demanda dando sinais de melhora nos últimos dias.
A valorização do farelo de soja durante a semana
Todavia, o foco também ainda está sobre o humor do mercado financeiro e os temores sobre o rumo da economia global, a guerra entre Rússia e Ucrânia que está prestes a completar três meses mantendo as cadeias de suprimentos bastante desorganizadas, e a continuidade dos lockdowns na China, apesar das possibilidades de que algumas medidas poderão ser relaxadas.
Assim, os consultores e analistas de mercado seguem afirmando que a volatilidade permanecerá muito presente nos negócios nas próximas semanas, principalmente com a nova safra dos Estados Unidos em andamento. Os novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) serão reportados nesta segunda-feira, às 17h (Brasília) e já são aguardados com ansiedade pelo mercado para avaliar o avanço do plantio americano nos últimos dias.
"Se o plantio aparecer bem por lá, o viés pode não ser de alta na semana que vem e sim de baixa, porque hoje estamos fechando em cima de movimentos técnicos e não fundamentais", afirma o consultor. "E se o final de semana for de condições boas, já será refletido na segunda-feira", completa.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os bons ganhos dos preços da soja não chegaram em sua totalidade aos produtores, já que a baixa do dólar frente ao real neutralizou essas altas registradas na CBOT.
"Aqui, o mercado de balcão praticamente não mudou nada a semana inteira. Nos portos, também referências de R$ 194,00 a R$ 196,00 na soja de maio com junho. O pessoal que vende no interior quer que o porto trabalhe acima de R$ 200,00, R$ 2020,00 na posição curta para dar posição melhor no interior", detalha Brandalizze.
O especialista afirma que o mercado brasileiro ainda tem cerca de 50 milhões de toneladas para negociar, a colheita da segunda safra de milho está próxima e as decisões dos produtores terão que começar a acontecer.
"Este seria o momento do produtor fazer alguma posição. Fazer uma posição de físico, caso o mercado recue já tem uma parte negociado, ou fazer um hedge de proteção contra a queda. Ou seja, será semana de fazer proteção. Safra cheia americana e grande volume a ser negociado no Brasil vai ser fator de viés de baixa, e esses US$ 17 que estamos fechando na semana pode virar US$ 16,00. Perdendo US$ 1,00 por bushel pode significar R$ 10,00 a menos por saca", conclui Brandalizze.
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