Rússia zera importação de café solúvel do Brasil, Ucrânia reduz drasticamente e sem fim da guerra, preocupações só aumentam
Podcast
Entrevista com Aguinaldo José de Lima - Diretor de Relações Institucionais da ABICS
De acordo com relatório estatístico da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), as exportações nacionais do produto recuaram 4,7% no primeiro quadrimestre de 2022, somando o equivalente a 1.221.603 sacas de 60 kg. No mesmo intervalo do ano passado, o país remeteu 1.282.454 sacas.
Conforme os números levantados, o desempenho negativo reflete os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, cujas importações do café solúvel brasileiro, juntas, caíram 66.572 sacas de janeiro ao fim de abril.
"Considerando que nossas exportações totais recuaram 60.851 sacas no quadrimestre, essa baixa na performance até o momento se justifica pela quantidade que deixamos de exportar a essas nações do Leste Europeu desde o início do conflito", explica o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima.
À medida que a guerra se alastra, ele entende que os impactos deverão ser significativos, uma vez que Rússia e Ucrânia são, tradicionalmente, grandes clientes do café solúvel brasileiro.
Em 2021, esses países ocuparam, respectivamente, a segunda e a sétima posições no ranking dos principais destinos do produto.
"As duas nações são responsáveis por praticamente 13% do volume remetido pelo Brasil ao exterior, tendo importado, no ano passado, o equivalente a 534 mil sacas de solúvel, o que gerou uma receita cambial de US$ 94,4 milhões", informa.
Lima anota que o colapso em que se encontra a Ucrânia e as consequências das restrições e sanções impostas à Rússia praticamente já paralisaram as importações desses países, afetando diretamente o produto nacional.
"Os russos não adquiriram nada do solúvel do Brasil em abril deste ano e os ucranianos apenas 519 sacas. No mesmo mês de 2021, por exemplo, eles haviam importado 30.759 sacas e 7.667 sacas, respectivamente", compara.
Diante de todos os impactos e consequências da guerra, o diretor da Abics revela que o setor de café solúvel do Brasil está "apreensivo e preocupado", já que ainda continuam os gargalos logísticos, como escassez de contêineres e navios, e os altos custos da matéria-prima para exportar a todo o mundo.
"A continuidade da guerra poderá gerar grandes prejuízos na cadeia produtiva, afetando produtores e indústrias no Brasil. Considerando o cômputo dos números de Rússia e Ucrânia em nossas exportações de solúvel, conforme o tempo que perdurar o conflito, poderemos pensar em perdas de aproximadamente 500 mil sacas e de menos cerca de US$ 100 milhões em ingresso de divisas neste ano", projeta Lima.
DESTINOS
No primeiro quadrimestre de 2022, o Brasil exportou seus cafés solúveis a 99 países, com os Estados Unidos sendo o principal cliente. Os norte-americanos importaram 234.717 sacas até abril, o que representa 19,2% do total. A Rússia, mesmo com recuo de 29,5% nas compras, ainda se mantém no segundo lugar, adquirindo 83.806 sacas, ou 6,9% do geral.
Na sequência, vêm Argentina, com 82.229 sacas (6,7%); Indonésia, com 72.135 sacas (5,9%); e Japão, com 71.857 sacas (5,9%). Merece destaque, ainda, o desempenho de Myanmar, que, com a importação de 70.312 sacas, elevou em 70,6% suas aquisições do solúvel nacional, saltou para o sexto lugar no ranking e responde por 5,8% do total.
1 comentário
Preços do café estendem alta de 3 semanas e fecham sessão desta 6ª feira (22) com ganhos de mais 4% na bolsa de Londres
Café: Mesmo nas máximas em 13 anos, preços não afastam compradores e mercado ainda é bastante resiliente
Safra de café da Colômbia 24/25 projetada em 12,9 mi sacas, diz USDA
Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas decide os vencedores de 2024
Café no varejo: vendas aumentaram 1,1% de janeiro a setembro em comparação com o mesmo período de 2023
Preços do café seguem em volatilidade e apresentam altas no início da tarde desta 6ª feira (22)
Flaviano Amorelli Pereira Tres Coracoes - MG
Negativo, prejuízo não, esse café vai ser vendido em outro mercado.