Preocupações com o clima no BR, EUA e Europa puxam os preços futuros do milho nesta 4ª
A quarta-feira (11) foi de altas para o milho durante todo o dia e assim terminaram as sessões para o cereal, tanto na B3, quanto na Bolsa de Chicago. No mercado brasileiro, os futuros subiram até 1,5%, como foi o caso do contrato julho, que encerrou os negócios com US$ 94,14 por saca. Os contratos mais distantes seguem acima dos R$ 100,00 por saca.
O clima em importantes regiões produtoras mundo a fora, como explicam os analistas da Agrinvest Commodities.As previsões para o Brasil preocupam pela possibilidade de geadas com a chegada de um frio intenso esperado para os próximos dias nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo.
O agrometeorologista Luiz Renato Lazinski explica que assim como aconteceu no ano passado, o frio antecipado é consequência do fenômeno La Niña que voltou a ter intensidade nas últimas semanas.
"Esse frio é consequência do La Niña. Esta massa de ar frio é muito forte para época do ano, vai provocar geada em várias regiões de milho safrinha do Paraná, sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Paraguai", explica Lazinski.
Além disso, o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) divulgou alertas de geadas para o estado paranaense para as próximas 72 horas. "Ainda é cedo para dizer qualquer coisa, mas os mapas mostram mínimas próximas de zero com umidade alta", afirma Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commdodities.
Ao lado do clima, o mercado do milho também se atenta à demanda mais intensa pelo produto brasileiro neste momento. A falta da oferta ucraniana faz com que compradores migrem para o cereal do Brasil - e também dos EUA -, especialmente os importadores europeus. Afinal, o clima quente e seco na Europa também já começa a preocupar e pode minar a produção no continente.
"A Europa produz 70 milhões e importa 15 milhões – metade da Ucrânia", complementa Vanin. Assim, Os prêmios para o grão nacional têm também se firmado, depois de dias consecutivos de queda, diante dessa procura maior pelo cereal.
O analista explica ainda que "o milho brasileiro e argentino são os mais baratos posto na Ásia e no MENA para todo os embarques. Se a demanda for igual ao ano passado, vai faltar milho. O comércio por semestre gira em torno de 90 milhões, sendo que desse volume os importadores estão muito pouco cobertos para o 2º semestre. Parece que esqueceram que a Ucrânia costumava a vender e embarcar 15 milhões de toneladas de milho entre julho e final de janeiro".
E a oferta ucraniana fica ainda mais represada com os recentes ataques russos à cidade de Odessa, onde se localiza o principal porto da Ucrânia. Na sequência depois do ataque dos mísseis, o presidente Volodymir Zelensky voltou a tratar o ato como mais uma ameaça à segurança alimentar global.
MERCADO INTERNACIONAL
Na Bolsa de Chicago, o mercado do milho terminou o dia com altas de 13,25 a 17 pontos nos principais vencimetos. O julho concluiu o dia com US$ 7,88 e o setembro com US$ 7,52 por bushel.
O plantio do cereal nos Estados Unidos está muito atrasado e precisa da confirmação das condições melhores esperadas para os próximos dias para que o ritmo dos trabalhos de campo aumente efetivamente.
A semeadura 2022/23 é uma das mais lentas da história e ainda é ponto de alerta importante para o mercado e de suporte para as cotações.
E o clima não preocupa somente nas Américas e na Europa, mas também para o Canadá quando o assunto é milho. De acordo com informações da agência internacional de notícias Bloomberg, os produtores rurais do Canadá estão migrando parte de sua área do milho para o trigo, na região de Manitoba, principalmente, por conta dos solos encharcados.
Ao lado de todo esse cenário, o mercado ainda também se mantém alerta e ansioso pelo novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta quinta-feira, dia 12 de maio. O reporte chega com todas as primeiras estimativas para a safra 2022/23, muito aguardadas pelos traders.
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