Não há relação significante entre combustível e lucro, diz Petrobras após fala de Bolsonaro

Publicado em 06/05/2022 17:13

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Por Roberto Samora e Gram Slattery

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de combustíveis no mercado interno não impactam de forma significativa os lucros da Petrobras, e o principal vetor de ganhos da empresa é a área de Exploração & Produção de petróleo, disse o presidente da petroleira, José Mauro Coelho, ao responder nesta sexta-feira afirmações da véspera de Jair Bolsonaro.

O presidente da República afirmou na noite anterior, enquanto a Petrobras divulgava um ganho líquido de 44,56 bilhões de reais referente ao primeiro trimestre, que o lucro da estatal é "absurdo" e "um estupro", e fez um apelo para que não haja novos aumentos nos preços dos combustíveis, sob o risco de o Brasil quebrar.

Mas, para Coelho, assim como aconteceu com outras petroleiras do mundo, o que impulsionou os resultados foi a produção de petróleo e gás, que foi beneficiada por preços mais altos da commodity.

"Não há uma relação significante entre os resultados da Petrobras e os reajustes dos preços de combustíveis... para terem uma ideia, 80% dos ganhos no período foram provenientes das atividades de exploração e produção de petróleo...", disse Coelho, durante entrevista a jornalistas, para comentar os lucros do primeiro trimestre.

Ele lembrou ainda que o preço do petróleo também não pode ser considerado o único fator impulsionador dos resultados, citando que no primeiro trimestre de 2014 as cotações estavam próximas dos patamares vistos nos primeiros três meses deste ano, e a companhia não teve um resultado tão bom naquela época.

"Embora o preço do petróleo estivesse neste mesmo patamar (em 2014), a Petrobras não teve o resultado que teve agora, porque não é simplesmente uma questão de preço elevado, mas sim questão de gestão eficiente, comprometida com a busca de resultados e de redução de custos", destacou.

Segundo Coelho, que tomou posse no mês passado após o CEO anterior da empresa Joaquim Silva e Luna ter sido substituído em meio a queixas de Bolsonaro sobre os preços dos combustíveis, a preocupação do presidente da República é "legítima" em relação às cotações dos combustíveis.

Mas a administração da companhia também tem responsabilidade com os acionistas, que são em sua grande maioria brasileiros, disse ele.

"Essa elevação dos preços dos combustíveis acontece em todo mundo, é uma preocupação de todos os líderes... mas por outro lado, por dever de diligência, os administradores da Petrobras, os administradores de todas as empresas de capital aberto, devem atuar, no caso de Petrobras, devem atuar alinhados com a política de preços da companhia", disse ele.

Mas ele ressaltou que a Petrobras não é "insensível" à sociedade brasileira, principalmente em momentos atípicos como este, com o conflito no Leste Europeu.

"A Petrobras, preocupada com isso, acompanha os preços de mercado, mas não repassamos essa volatilidade momentânea de imediato. Mas claro também que em determinado momento reajustes devem ser feitos para que a gente mantenha a saúde financeira da nossa companhia", declarou.

A receita de vendas avançou 64,4% na comparação anual, para 141,6 bilhões de reais no primeiro trimestre, em meio a preços mais altos dos produtos.

As vendas de diesel somaram 38,8 bilhões de reais, com alta de 54,5% na mesma comparação, e as de gasolina dispararam 75,3%, para 19,4 bilhões de reais.

Já as exportações (incluindo petróleo e derivados) responderam por 35,1 bilhões de reais no primeiro trimestre, com ganho de 54% na comparação anual, enquanto no mercado interno as vendas de petróleo somaram mais de 9 bilhões de reais, enquanto as de gás natural atingiram patamar semelhante, entre outros produtos comercializados pela empresa.

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Adilson Garcia Miranda São Paulo - SP

    Se os preços dos combustíveis, não impacta o lucro da Petrobras, os acionistas deveriam pensar duas vezes, antes de querer aumentar, a gasolina e o diesel, pois isso é apostar no " Quanto pior, melhor. " A qual no momento, é a estratégia da esquerda. Eles só pensam em congelamento, Estatização ou Reestatização. Para eles, até a Ditadura do Proletariado é Constitucional. Só quem é autocrata do Partido, é que merece ser rico. Os outros como nós, Produtores Rurais, Empresários, Banqueiros, Acionistas, que geram a riqueza do Brasil, é quem deve ser penalizados. Por esse motivo, é que na Venezuela, Cuba, e Bolívia, não existem Acionistas, Produtores, Empresários e outros que gerem riquezas, Só existe o Partidão que gera a miséria.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Até o Governo Michael Temer, a política da Petrobrás era: custo produção, refino, impostos, etc, etc. ... mais uma margem satisfatória de lucros. Michel Temer mudou isso, passou a ser: preço petroleo internacional + lucro. Aí virou esse monstro. Se o principal acionista (governo) pode mudar para esse modelo que tem se mostrado péssimo para o pais, o mesmo acionista pode voltar ao modelo anterior. Com Bolsonaro a palavra.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Exato falta comparar com o histórico de custos da Petrobras

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    • Leocir Zortea Viadutos - RS

      Agora chegou o dono do show. Novo comandante do ministério de minas e energia já com a agenda de privatização. Parece que agora o tio Bolsonaro mostrou a cara. Pois então:

      A privatização vai ser o último desastre do Brasil. Privatiza-se e as grandes empresas entram de sola no mercado tornando-se gigantes na produção e eficiência ao ponto de dominar a produção igual como fazem as empresas ligadas a Opep. Eis o novo lema: Lucrar o máximo possível controlando a produção mundial. Pago pra ver. Bolsonaro mudou, trocou, fala da boca pra fora, mas faz o contrário quando se fala em soberania do petróleo e energia.

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    • Elvio Zanini Sinop - MT

      Esta Bem Na hora da Verdade, Liberdade ,Confiança E Exemplo de

      Amor à PÁTRIA. Redução de Custos dos alimentos , Combustíveis sem ICMS Estadual, para Chegar os Alimentos com Preços Acessíveis aos que Necessitam de se Manterem vivos.

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