Trigo: Não há mais exportação disponível no porto de Rio Grande. O BR está preparado para a nova safra?

Publicado em 30/03/2022 14:13

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A volatilidade continua ditando os rumos do mercado do trigo e assim deverá ser o quanto dure o conflito entre Ucrânia e Rússia. Depois da despencada de ontem,  com certo otimismo em relação a um acordo entre as duas nações, os futuros do cereal voltaram a subir no início da tarde desta quarta-feira (30) na Bolsa de Chicago. As altas, por volta de 13h30 (horário de Brasília), variavam entre 8,75 e 21,25 pontos, com as mais fortes, naturalmente, sendo registradas nas posições mais próximas. 

Assim, o vencimento maio tinha US$ 10,30 e o setembro, US$ 10,15 por bushel. O mercado vinha acompanhando as demais commodities, principalmente o petróleo, que chegou a subir mais de 4% no pregão de hoje. 

"Após as notícias animadoras de ontem sobre uma aproximação de um cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia, o ministro da defesa ucraniano disse há pouco que a Rússia está preparando novas investidas militares e que ainda estão tentando tomar a cidade de Mariupol, entre outras cidades. Essa declaração volta a impulsionar os preços das commodities, recupernaod boa parte da queda da semana", explica o time da Agrinvest Commodities. 

Além disso, o conflito em andamento coloca em xeque ainda mais as novas safras da Rússia e, principalmente, da Ucrânia. O Ministério da Agricultura ucraniano estima que a área plantada no país possa ser reduzida de 30% a 50% em relação ao ano passado e o início do plantio de primavera por lá sofre por conta da guerra, já que há agricultores na linha de frente do confronto, além de haver completa insegurança para que os trabalhos de campo sejam realizados.

A logística é mais um problema. Os 18 portos ucranianos permanecem fechados e as exportações locais também, uma vez que há inúmeras regiões fechadas pelas tropas russas, incluindo a região dos mares Negro e de Azov. Kiev segue estudando alternativas para que o comércio pudesse ser, ao menos parcialmente, reestabelecido. 

"O problema que temos aqui é que as negociações de paz estão progredindo, mas ainda temos um monte de obstáculos a percorrer para que as exportações do Mar Negro comecem a melhorar, e isso inclui o levantamento das sanções à Rússia e a restauração do transporte marítimo para fora da Ucrânia", disse à Bloomberg Terry Reilly, analista sênior de commodities da Futures International LLC em Chicago.  

EXPORTAÇÕES LIMITADAS NO PORTO DE RIO GRANDE

A volatilidade que se registra nas bolsas internacionais chega imediatamente ao mercado brasileiro de trigo. Todavia, a oferta no Brasil já se mostra um pouco mais limitada dada a falta de espaço no porto de Rio Grande, o que ajuda na manutenção de patamares elevados para o produto brasileiro, como explica a diretora da De Baco Corretora, Rita De Baco. 

"Não temos mais exportação disponível em Rio Grande. Há trigo disponível, porém, o que não tem é espaço no porto para a saída de novos negócios, pois agora começamos a safra de soja e, mesmo com a quebra, teremos volumes  saindo do Rio Grande do Sul. Lembrando que os espaços nos portos do Rio Grande do Sul são os mesmos de 10 anos atrás. Então, mesmo com a quebra de safra, logo teremos filas para entregar a soja no porto", detalha Rita.

Assim, "mesmo com essa queda recente na bolsa internacional e do dólar, os preços seguem atrativos", completa, trazendo uma referência na casa de R$ 1920,00 por tonelada do cereal posto moinho. Na semana, os indicativos chegaram a testar os R$ 1950,00. 

Rita acredita ainda que os compradores, neste momento, também se mostram mais contidos do que se apresentaram há algumas semanas, já que estão melhor abastecidos, já que as vendas de farinha não evoluem no ritmo que incialmente projetaram. O movimento, porém, não preocupa a diretora da De Baco Corretora, "porque isso acontece em um curto espaço de tempo. Por meados de abril eles retomam seus negócios, com mais força ainda a partir de maio". 

A executiva lembra ainda que uma nova oferta brasileira de trigo chegará somente em setembro, no Paraná, e em novembro, no Rio Grande do Sul. Assim, neste ritmo, o mercado brasileiro poderá, novamente, encontrar preços historicamente altos. 

A expectativa da De Baco Corretora é de que o Rio Grande do Sul plante perto de 1,5 milhão de hectares, com uma produtividade variando de 3 mil a 3,5 mil quilos de trigo por hectare. Um aumento mais expressivo de área que vinha sendo esperado, porém, pode ser limitado pelos custos elevados para a nova temporada, que pode trazer ao mercado algo enrre 4,5 a 5 milhões de toneladas do cereal. 

"O custo das lavouras serão altos e o que irá travar um pouco o aumento de área será o pré-custeio, que está girando em torno de 12 a 14% de juros ao ano", acredita."Dessa form,a, ainda é cedo para falarmos em preços e volume estimado", afinal, os custos foram fechados com dólar acima dos R$ 5,00 e a comercialização poderá ser feita com a moeda americana abaixo deste patamar. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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